UE adia prazo para lei antidesmatamento
A EUDR, para muitos, representa uma imposição estrangeira
Segundo Aline Locks, CEO da Produzindo Certo, produtores, agroindústrias e tradings ganharam mais tempo para se adequarem à legislação antidesmatamento da União Europeia, a EUDR. A UE estendeu o prazo por mais um ano para que todos os envolvidos possam se ajustar às novas regras, aliviando a pressão tanto sobre exportadores quanto importadores, que enfrentavam dificuldades para garantir a conformidade. No entanto, Aline ressalta a importância de aproveitar esse tempo não apenas para cumprir as exigências, mas para refletir sobre o impacto dessa legislação nos negócios.
A EUDR, para muitos, representa uma imposição estrangeira sobre os modelos produtivos e leis ambientais de outros países, como o Brasil, que já possui um moderno código florestal e distingue o desmatamento legal do ilegal. Aline enfatiza que cumprir a legislação brasileira é obrigatório, mas seguir as exigências do mercado europeu é opcional, oferecendo uma oportunidade para quem deseja acessar esse mercado específico.
A CEO destaca ainda que a atenção às práticas internacionais é essencial para quem atua no setor exportador, visto que a EUDR pode impactar cerca de US$ 15 bilhões das exportações brasileiras. Apesar dos europeus não serem os maiores compradores, são influentes e exigentes, o que pode levar outros países ou blocos a adotarem regras semelhantes no futuro.
Por fim, Aline observa que o adiamento da EUDR também abre espaço para negociações, como mencionado pelo chanceler alemão Olaf Scholz, que busca tornar a legislação mais prática. A UE começou a considerar a qualificação dos países e a extratificação das exigências por porte das empresas, mas Aline alerta que a legislação, ao focar em restrições sem incentivos, funciona mais como um mecanismo de proteção de mercado do que como uma verdadeira lei ambiental.