Turista relata intoxicação por ciguatera em Fernando de Noronha/PE
Ciguatera é causada pelo consumo de peixes contaminados
Uma turista relatou ter sofrido intoxicação alimentar em Fernando de Noronha após o consumo de peixes contaminados com ciguatoxina, em setembro de 2024. A ciguatoxina é uma toxina encontrada em algumas espécies de peixes que não pode ser eliminada pelo cozimento ou congelamento, e casos esporádicos de intoxicação têm sido registrados na ilha.
A ciguatera é uma forma grave de intoxicação alimentar causada pelo consumo de peixes contaminados com ciguatoxina. Recentemente, turistas e moradores da ilha foram afetados após ingerirem peixes como guarajuba e barracuda, duas espécies carnívoras que acumulam a toxina em seus corpos ao se alimentarem de outros peixes contaminados. A ciguatera não possui um antídoto específico. O tratamento é feito com base nos sintomas, que podem variar de pessoa para pessoa.
A ciguatoxina é uma toxina originada pela gambiertoxina, produzida por uma alga marinha. Ela é bioacumulativa, ou seja, à medida que os peixes consomem organismos contaminados, a toxina se acumula em seus corpos, tornando-se mais perigosa ao longo da cadeia alimentar. Peixes carnívoros como a barracuda, que pode atingir até 50 quilos, e a guarajuba, que chega a pesar 14 quilos, são os mais propensos a acumular grandes quantidades dessa substância tóxica.
Segundo o Boletim do Observatório Ambiental Alberto Ribeiro Lamego, fatores como a eutrofização de ambientes aquáticos — ou seja, o excesso de nutrientes que estimula a proliferação de algas — e eventos climáticos como o El Niño, que aquece anormalmente os oceanos, contribuem para o crescimento das microalgas que produzem toxinas, aumentando o risco de intoxicação.
No dia 1º de setembro de 2023, o governo de Pernambuco emitiu um alerta para a população local e turistas sobre o risco de intoxicação alimentar em Fernando de Noronha. O surto de ciguatera foi identificado após uma série de casos registrados na ilha.
Juliana Paiva Ruckert, uma turista que foi vítima da intoxicação em Noronha, compartilhou sua experiência: Ela relatou que os sintomas começaram poucas horas após ter jantado em um restaurante conhecido na ilha. "Escolhi um prato de peixe chamado 'mestiço', e, na manhã seguinte, acordei com diarreia, náusea, dores intensas nas pernas e panturrilhas. A princípio, achei que fosse algo passageiro, mas a dor e o cansaço só pioravam com o passar do tempo", afirmou.
Ao procurar o hospital local, foi surpreendida com o diagnóstico de ciguatera. "O atendente da triagem já sabia o que eu tinha. Ele disse que muitas pessoas estavam aparecendo com os mesmos sintomas, especialmente após consumirem peixes como barracuda e guarajuba."
Ainda segundo Juliana, o tratamento oferecido na ilha era voltado apenas para aliviar os sintomas, já que não há cura específica para a intoxicação. "Fiquei dois dias seguidos no hospital tomando soro e anti-inflamatórios, mas a dor persistia. Mesmo após 15 dias, ainda sinto dormência nas mãos e na boca, além de uma dor constante nas pernas", relatou.
Ela também expressou sua preocupação com a falta de informações claras sobre a intoxicação, ressaltando que "é fundamental que os turistas sejam alertados previamente, pois parece que o caso está sendo abafado. No hospital, fui informada que 20 pessoas do Rio de Janeiro buscaram atendimento no mesmo dia com os mesmos sintomas. Muitas pessoas estão passando mal e nada está sendo amplamente divulgado", pontuou.
Os sintomas da ciguatera surgem de 6 a 24 horas após a ingestão do peixe contaminado. Entre os sinais mais comuns estão dormência ao redor da boca, formigamento em várias partes do corpo, náuseas, vômitos, diarreia e, em casos mais graves, dores intensas nas pernas e nos músculos.
O Portal Agrolink buscou contato com o Restaurante Xica da Silva, local em que Juliana Paiva consumiu o peixe, porém não houve resposta.
Veja a nota divulgada pela Secretaria de Meio Ambiente Sustentabilidade de Fernando de Noronha em 2023: