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Trigo como fato recente da agricultura

Os serviços nos setores de transporte e logística internacionais são afetados. Primeiro, pelo litígio entre Rússia e Ucrânia, dois países importantes no comércio mundial de produtos agrícola


Foto: Canva

Os serviços nos setores de transporte e logística internacionais são afetados. Primeiro, pelo litígio entre Rússia e Ucrânia, dois países importantes no comércio mundial de produtos agrícola. Segundo, devido as regras para controlar a disseminação da pandemia do Covid 19. Com isso, crescem as dificuldades para se obter contêineres e ficam menores os espaços nos navios, com redução na capacidade e elevação dos custos nas embarcações. O ambiente de negócio fica inseguro para garantir os programas de entrega das mercadorias. 

No caso específico do mercado do trigo, as cotações sofrem pressões e o impacto aumentou por causa da desvalorização do real com relação do dólar. Entre 2018 e 2022, o aumento no preço da saca de 60 quilos do cereal foi de R$ 31,40 para R$ 83,40 no Rio Grande do Sul, ou seja, mais 165,6%. Esse quadro reverberou em outros estados.

Essa conjuntura de preços altos melhorou a remuneração e estimulou o plantio do trigo Brasil. O crescimento da produção atingiu 80,17% nas safras de 2017/18 a 2022/23. Com colheita recorde na última temporada, a perspectiva segue positiva para 2023/24. 

Nessa direção, como na geopolítica da soja e o milho, o Brasil ruma também a ser grande player global no trigo. Os preços firmes tendem a prosseguir no mercado porque o embate entre Rússia e Ucrânia não dá sinais de pacificação. Ambos são relevantes nos mercados de alimentos e energia, cujos preços subiram e elevaram a inflação no mundo. 

Responsável pelas exportações mundiais no trigo (12%) e milho (15%), a Ucrânia, junto com a Rússia, detém participação expressiva do comércio mundial de trigo (30%), milho (17%), cevada (32%) e óleo, sementes e farelo de girassol (50%). Há uma participação importante dos dois países no fornecimento mundial de cereal, que toca de forma direta na cadeia nacional do produto.

Diante de muitos países afetados, novos desafios emergem para o mercado mundial das comodities agrícolas. Mesmo com a liberação das exportações de cereais na Ucrânia, as cotações não voltarão de forma rápida aos níveis antigos. A fase de ajuste será mais longa, enquanto as despesas de fretes e seguros seguem caros.

Na avaliação de Rubens Barbosa, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (ABITRIGO) “a desorganização do mercado de commodities deu novos impulsos nos preços do cereal, que estimularão a produção de trigo nas áreas tropicais do Brasil, com as novas tecnologias desenvolvidas pela Embrapa”.

Dos fertilizantes consumidos pela agricultura brasileira, cerca de 85% são importados, sendo que a Rússia responde por um quarto dessa quantidade. Quaisquer limitações colocadas na aquisição desses insumos refletem na produtividade do setor e as atividades dependentes de seus produtos, como a criação de aves e suínos.

Como fato da realidade recente na agricultura brasileira, a produção de trigo até 2030 deverá ser suficiente para dar autossuficiência ao país. Essa evolução faz parte da sua importância ligada a segurança alimentar. Os cereais mais presentes na mesa do consumidor brasileiro são o trigo e o arroz, enquanto o milho fica mais voltado para produção animal e biocombustível (etanol).

EVOLUÇÃO DAS COTAÇÕES MÉDIAS MENSAIS DE TRIGO FOB GOLFO (US$/T)

ANO JANEIRO DEZEMBRO
2018 269 250
2019 251 233
2020 256 269
2021 287 340
2022 331 389

Fonte: CME- Group

BRASIL: BALANÇO DE OFERTA E DEMANDA

Ano

Produção

Importação

Suprimento

Exportação

Consumo

2017/18

5.427

6.787

14.537

583

11.361

2018/19

5.155

6.677

14.441

342

11.861

2019/20

6.235

6.080

14.481

823

11.599

2020/21

7.679

5.500

15.818

3.046

12.750

2021/22

10.554

5.800

17.077

2.800

12.394

2022/23

10.554

5.800

17.937

2.700

12.384


 

 


 

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