Trigo: preços devem subir até setembro
Outro fator de impacto é a queda nas exportações russas

A TF Agroeconômica prevê tendências distintas para o mercado de trigo no curto e no longo prazo. Entre fevereiro e abril, os preços em Chicago devem cair, mas a partir de junho há expectativa de alta, o que já começa a se refletir no Brasil. Diante desse cenário, cerealistas e cooperativas sem moinho são recomendados a vender estoques agora para liberar espaço nos armazéns e reservar parte do valor para contratos futuros em Chicago, aproveitando possíveis ganhos.
Para sementeiros, a indicação é reforçar estoques, pois a alta do trigo pode estimular maior plantio na próxima safra. Já moinhos e fabricantes de subprodutos devem se preparar para pagar mais caro pela matéria-prima até setembro, sendo recomendável antecipar compras.
A previsão de uma onda de frio nas próximas semanas pode afetar lavouras nas Grandes Planícies dos EUA e em regiões produtoras da Rússia, elevando os preços. Além disso, as exportações americanas surpreenderam positivamente, com 569.600 toneladas vendidas na última semana, um aumento de 30% sobre a anterior, conforme relatório do USDA. O volume ficou próximo ao teto projetado por empresas privadas e 45% acima da média das quatro semanas anteriores, sinalizando maior demanda internacional.
Outro fator de impacto é a queda nas exportações russas. A IKAR reduziu sua estimativa de vendas para 43 milhões de toneladas, abaixo das 46 milhões previstas pelo USDA. A situação na Ucrânia adiciona incerteza ao mercado, especialmente após um ataque de drone na região da usina de Chernobyl, atribuído a Moscou, mas negado pelo Kremlin. Essa instabilidade pode restringir ainda mais os embarques do Mar Negro.
Na Argentina, os estoques apertados sustentam os preços. Até fevereiro, as exportações devem atingir 5,3 milhões de toneladas, com o Brasil comprando 1,6 milhão. A expectativa é que mais 1,05 milhão sejam adquiridas entre março e abril. Como o total exportável do país é de 11 milhões de toneladas, o saldo remanescente para vendas até novembro seria de apenas 4,65 milhões, limitando a oferta e mantendo o mercado aquecido.