Trabalho de campo avalia desempenho de máquinas agrícolas
Resultados podem auxiliar o agricultor na tomada de decisão para aumentar a produtividade e rentabilidade
Nas últimas décadas, o Brasil se tornou uma superpotência agrícola devido a uma série de transformações e investimentos para aumentar a produtividade. Com a adoção de tecnologia no campo, a produção de grãos cresceu 300%, entre 1997 e 2022, enquanto a área plantada avançou cerca de 60%, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Para a safra 2022/2023, a expetativa é de produção recorde de 320 milhões de toneladas, de acordo com a consultoria Cogo Inteligência. E até 2050, a perspectiva é que a produção de grãos no país supere 500 milhões de toneladas.
Para avaliar os benefícios da tecnologia das máquinas agrícolas e o desempenho dos equipamentos no plantio, recolhimento da palha durante a colheita e pulverização, a Massey Ferguson, referência no mercado brasileiro, realizou a terceira edição do Massey Tech, na Fazenda Santa Matilde, em Cabeceira Grande (MG). Os experimentos testaram diferentes regulagens e configurações do maquinário para definir a melhor prática para aumentar a produtividade no campo. Vale ressaltar que todos os experimentos conduzidos foram realizados em áreas irrigadas por pivô.
“No Massey Tech acompanhamos todas as etapas de cultivo. Os resultados dos experimentos mostraram, de forma prática, como fazer o melhor uso de tecnologia para potencializar o aumento de produtividade na lavoura, a rentabilidade do agricultor e a sustentabilidade”, avalia Renato Dias, coordenador de Marketing Tático da Massey Ferguson.
Experimento da semeadora
No experimento de plantio, o objetivo foi avaliar o efeito do tipo de chassi - rígido e flexível - na produtividade da soja. Foram utilizados dois modelos de plantadeiras Massey Ferguson, a Momentum 22 L de chassi flexível e a MF 700 20 L de chassi rígido, ambos equipados com sistema de singulação e distribuição de sementes Precision Planting.
Os resultados de produtividade foram semelhantes para as condições operacionais do local do plantio, que apresenta solo com superfície regular. Mas em uma topografia irregular, a Momentum apresenta um desempenho superior porque seu chassi flexível garante que a semente seja depositada na mesma profundidade, permitindo emergir uniformemente A produtividade da soja quando plantada com a MF 700 foi de 67 sacas por hectare e o plantio com a Momentum alcançou a produtividade de 68,4 sacas por hectare.
Profundidade de plantio
O efeito de profundidade de plantio na produtividade da soja também foi analisado. Os testes foram realizados em quatro profundidades – 3 cm, 4 cm, 5 cm e 6 cm. Para as condições operacionais da fazenda, o melhor resultado (94,4 sacas por hectare) foi alcançado com 5 cm de profundidade.
Atendendo à diversidade e condições operacionais e de solo presentes no Brasil, a Momentum opera nas mais diversas profundidades. O chassi Smart Frame está apto para depositar a semente na profundidade escolhida pelo produtor, eliminando problemas de sombreamento, já que as plantas irão emergir na mesma época. “O resultado do experimento e a produtividade alcançada foram reflexos da possibilidade de fazer o ajuste bem feito na máquina e manter a profundidade”, explica Furtado.
Compactação de sulco
No experimento de compactação do sulco para verificar a influência de diferentes níveis de pressão da roda compactadora da semeadora, foram quatro testes: leve, médio, pesado e muito pesado.
A roda compactadora tem a função de fechar o sulco. A compactação é fundamental para o desenvolvimento da semente, que precisa absorver um pouco de umidade para germinar e conseguir emergir. Quando o solo é mais solto, é necessário produzir a compactação para que os bolsões de ar sejam eliminados, visto que espaços porosos e vazios prejudicam a chegada da água na semente e na planta. Para as condições do solo na fazenda - 60% de argila -. a melhor produtividade foi obtida com a compactação da roda na regulagem leve, com 99,7 sacas de soja por hectare.
Fenação
Para verificar a influência da quantidade de palha de trigo pós-colheita sobre a produtividade da soja, o experimento recolheu 70% da palhada de trigo para enfardamento e 30% foi deixada no solo, e como testemunha houve a manutenção de 100% da palhada de trigo no solo. A parcela onde houve o recolhimento de 70% da palhada apresentou o melhor resultado, com 72,8 sacas de soja por hectare. “Este resultado foi devido ao menor volume de palhada, que permitiu que as sementes de soja durante o plantio fossem depositadas no local e profundidade desejada, desta maneira as plantas conseguiram emergir de forma mais homogênea”, aponta Renato Dias, da Massey Ferguson.
Para o recolhimento da palha foi utilizada a Enfardadora MF RB 4160. Foram retirados 20 fardos, de 250 quilos cada, por hectare. “Nesta situação, pudemos observar o incremento de produtividade da soja e uma opção de fonte de renda extra com a disponibilidade dos fardos para a comercialização ou utilização para nutrição animal, caso o produtor tenha o seu rebanho”, aponta Diego Nascimento, da Massey Ferguson.
Experimento de pulverizador
Após o plantio, foram iniciados os experimentos de pulverização de fungicidas para verificar a influência da temperatura e umidade relativa do ar sobre a produtividade da soja. Quando a aplicação foi realizada em temperaturas consideradas adequadas, que neste experimento foi em torno de 20°C e umidade em cerca de 90%, as condições refletiram positivamente na produtividade da soja, com a produção de 69 sacas por hectare. Já em condições consideradas não adequadas, em que a temperatura média estava acima dos 30°C e umidade em torno de 60%, a produção caiu para 64 sacas por hectare.
As condições meteorológicas de temperatura e umidade influenciam na deriva e na evaporação da aplicação dos defensivos. Para evitar as duas situações, é recomendado a aplicação em temperaturas entre 20°C e 30°C e umidade entre 70% e 90%, condições com menor capacidade evaporativa do ar.
Os pulverizadores da Massey Ferguson têm a menor relação peso x potência do mercado, associado ao chassi flexível parafusado, sem nenhum ponto de solda, suspensão ativa e eixos independentes. Esses fatores possibilitam que o equipamento entre mais cedo na lavoura e saia mais tarde. “Nem sempre vamos ter os períodos adequados para fazer a pulverização, por isso o produtor tem que estar muito atento ao dimensionamento da sua frota. Máquinas maiores e mais eficientes garantem a aplicação em um curto espaço de tempo”, ressalta Renato Dias.
Estabilidade de altura da barra do pulverizador
Os testes apontaram que o sensor automático de estabilidade de altura de barras do pulverizador também contribui para o ganho de produtividade. O experimento apontou que a pulverização com o sensor ativado resultou em 66,2 sacas por hectare, e o sensor desativado reduziu em 5% a produtividade, com 63 sacas por hectare. O teste mostrou que quando há uma barra mais baixa do que o planejado, existe a perda da uniformidade da aplicação. Já quando a barra está muito alta, os riscos de deriva e evaporação se intensificam.
O uso do sensor também permite o aumento do rendimento operacional devido a ergonomia de trabalho do operador, que não precisa controlar a altura das barras de forma manual, permitindo maior atenção no trajeto e outros indicadores da pulverização.