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Tendências do mercado de soja no Brasil: clima, colheita e exportações

As cotações da soja, em Chicago, apresentaram uma leve alta nesta semana, encerrando o dia 02 de novembro a US$ 13,04/bushel



Foto: Pixabay

As cotações da soja, em Chicago, apresentaram uma leve alta nesta semana, encerrando o dia 02 de novembro a US$ 13,04/bushel, em comparação com os US$ 12,79 da semana anterior. Esta mudança no mercado é resultado de uma série de fatores que estão influenciando a indústria da soja tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

De acordo com a análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA, o principal ponto de atenção é o clima na América do Sul, especialmente no Brasil e na Argentina. Essas regiões estão enfrentando desafios climáticos, com algumas áreas sofrendo com a falta de chuvas e outras com um excesso delas, como é o caso do sul do Brasil. Essas condições climáticas incertas estão colocando em xeque o potencial produtivo das lavouras, o que pode levar a uma redução nas projeções finais de colheita.

Nos Estados Unidos, a colheita da soja atingiu 85% da área em 29 de outubro, superando a média histórica de 78%. No entanto, as exportações estão 3% menores do que no mesmo período do ano anterior, somando 9,95 milhões de toneladas no ano comercial atual.

No Brasil, os preços da soja recuaram um pouco devido à variação cambial, que atingiu R$ 4,97 por dólar em alguns momentos da semana, embora tenham sido interrompidos pelo feriado de Finados. A média de preço no Rio Grande do Sul fechou a semana em R$ 135,17 por saco, enquanto as principais praças trabalharam com valores entre R$ 133,00 e R$ 134,00. Em outras regiões do país, os preços variaram entre R$ 116,00 e R$ 124,00 por saco no início de novembro.

O plantio da soja no Brasil enfrenta desafios significativos, atingindo apenas 38,4% da área esperada no início desta semana. Esse atraso é resultado dos problemas climáticos generalizados, com paralisações de plantio observadas em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins devido à falta de chuvas. Em Minas Gerais, oeste da Bahia e Piauí, muitos produtores ainda não haviam iniciado o plantio na virada do mês. Além disso, a necessidade de replantio na região Central do país está se tornando comum.

Por outro lado, no Paraná, o plantio de soja atingiu 69% no final da semana passada, um pouco à frente do ano anterior, que registrava 67% semeados nesta época do ano. No entanto, o excesso de umidade em áreas do sul do estado tem atrasado a semeadura.

Quanto às exportações de soja do Brasil, o país espera exportar um recorde de 104 milhões de toneladas em 2023. Essa expectativa alivia a pressão de preços, mesmo diante das dificuldades climáticas nas regiões produtoras. Se esse volume de exportação for alcançado, os estoques finais de soja no Brasil poderão atingir níveis historicamente baixos, em torno de 4 milhões de toneladas no final de janeiro de 2024, quando se encerra o ano comercial da soja no país. Isso significa que o mercado nacional de soja poderá sofrer pressão altista devido aos estoques reduzidos e ao atraso na colheita devido ao plantio tardio.

Além disso, há especulações no mercado de que a safra de soja pode ficar abaixo das expectativas devido ao clima durante o plantio. Inicialmente prevista em 164 milhões de toneladas, muitos já consideram a possibilidade de a colheita ficar abaixo de 160 milhões. A partir de janeiro/fevereiro, devido ao atraso na colheita, a oferta de produto para exportação tende a ser menor, o que pode elevar os prêmios nos portos e melhorar o preço futuro da oleaginosa. Posteriormente, com a normalização da colheita, os prêmios devem recuar, podendo até mesmo se tornarem negativos entre março e julho de 2024.

Em suma, a tendência de exportações recordes de soja no Brasil este ano foi confirmada pela Secex em 1º de novembro, com o país já tendo exportado 93,5 milhões de toneladas entre janeiro e outubro, em comparação com pouco mais de 74 milhões no mesmo período do ano anterior. Ainda existe uma fila de embarques de 8 milhões de toneladas, grande parte direcionada para os portos do sul do país devido às dificuldades de escoamento pelo chamado Arco Norte, também em função das condições climáticas.

No entanto, a consultoria Brandalizze estima que ainda exista uma quantidade significativa de soja nas mãos dos produtores brasileiros, calculando cerca de 33 a 34 milhões de toneladas. Isso pode temporariamente segurar a elevação dos preços da oleaginosa. A situação do mercado de soja continua a evoluir, e os produtores e investidores estão atentos às condições climáticas e ao progresso da safra.

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