Tecnologia padroniza fabricação de ração de tilápia
Material é referência na análise de nutrientes e controle da qualidade
Um material desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste está servindo como referência para fábricas de ração para tilápia. A tecnologia é usada na análise de nutrientes e controle de qualidade de produtos destinados à alimentação dos peixes. Com isso os resultados analíticos ficam mais seguros, diminuindo custos e prejuízos na atividade.
O uso do material é considerado um diferencial nas indústrias. É usado na calibração de equipamentos de laboratório, avaliação de métodos analíticos, treinamento, acompanhamento e avaliação de operadores e no controle interno de qualidade e avaliação da qualidade externa dos resultados de análises laboratoriais.
A pesquisa de onde resultou o material segue padrões internacionais. Foi usada uma amostra de 65 kg de ração comercial que tinha como característica principal a constituição típica daquelas comercializadas aos produtores, com aproximadamente 32% de proteína bruta. Todos os valores foram avaliados com programas estatísticos. Os resultados geraram uma carta com os valores previstos e suas incertezas associadas. O material de referência produzido foi disponibilizado no site da Embrapa e enviado gratuitamente aos laboratórios interessados.
O material de referência possibilita a diminuição de retrabalho, pois é possível verificar problemas pontuais e corrigí-los antes de fornecer um resultado errado aos clientes, o que poderia causar grandes prejuízos aos produtores de ração e à nutrição de peixes.
“Considerando que os laboratórios que realizam a avaliação da qualidade das rações têm um balizador, o tal ‘padrão ouro’, para saber se os seus resultados estão corretos, os produtores têm à disposição rações com a qualidade comprovada por resultados confiáveis”, justificou a pesquisadora Ana Rita Nogueira, responsável pelo desenvolvimento do material.
A pesquisa que resultou na criação do material de referência para ração de peixe também desenvolveu material de referência para laboratórios utilizarem na análise de tecido de peixe. O estudo foi tema da tese de doutorado em química analítica de Mayumi Silva Kawamoto, defendida na USP (Universidade de São Paulo). Ela foi orientada pela pesquisadora Ana Rita.
Tanto a ração quanto o tecido de peixe foram fornecidos por produtores comerciais, graças a uma intermediação da PeixeBR (Associação Brasileira de Piscicultura). Ana Rita disse que o trabalho não envolve a identificação de resíduos de medicamentos nos peixes – essa ação exigiria outro processo, que já vem sendo conduzido por outro centro de pesquisa da Embrapa.
O Brasil é o quarto maior produtor de tilápia do mundo, encostando no terceiro colocado, o Egito. Segundo o Anuário da Piscicultura, em 2020, o país produziu mais de 486 mil toneladas.