Decisão de países do Mercosul é criticada pelos arrozeiros, que projetam redução da área plantada.
A Comissão de Comércio do Mercosul fechou acordo, em Montevidéu, Uruguai, quanto à redução da Tarifa Externa Comum (TEC) para importações de arroz de países de fora do bloco econômico. Segundo o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que presidiu a terceira reunião do Consagro, ontem, na Capital, a TEC cairá de 11,5% para 4%. O Brasil pleiteava 2%, temendo desabastecimento e preocupado com a alta do preço ao consumidor.
Foi acertado também por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai a importação de 500 mil toneladas de terceiros países, mas não há consenso sobre quanto deste volume será de grão descascado. Uruguaios e argentinos defendem 68 mil t industrializadas. O governo brasileiro quer liberdade para determinar esse percentual conforme a demanda. Outro ponto a ser definido é o período em que irá vigorar a nova alíquota. O Brasil briga para que isso ocorra a partir de setembro, mas os parceiros pregam a TEC provisória de outubro a dezembro.
A decisão do Mercosul teve gosto amargo para os orizicultores gaúchos, que não acreditavam na redução, especialmente pela sinalização do Uruguai. O presidente da Comissão de Arroz da Farsul, Francisco Schardong, já projeta queda de área na próxima safra. 'Lamentavelmente, o governo federal não teve visão sobre o que essa redução irá provocar ao setor. Não podemos concorrer com o arroz norte-americano.'
O deputado federal Luís Carlos Heinze (PP) afirma ser desnecessária a importação de 500 mil t, porque a pressão no preço ao consumidor viria dos supermercados. 'Falam em baixar preço ao consumidor nas costas do produtor.' O parlamentar lembra que, desde o inicio do ano, quando o Brasil começou a importar arroz dos Estados Unidos, o preço da toneladas subiu de 94 dólares para 186 dólares, o que significariam R$ 75 milhões, antes subsidiados pelo governo dos EUA. Com essa nova alteração, o parlamentar prevê nova alta no preço do arroz importado. 'Estamos ajudando o tesouro norte-americano a subsidiar o produtor deles.' O assunto deverá ter desdobramentos amanhã, quando a cadeia produtiva do Mercosul estará na Assembléia.