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Soja sobe com piora das lavouras dos EUA


A piora das condições das lavouras americanas, aliada à perspectiva de que a China aumente suas compras no mercado internacional, causaram forte alta de quase 2% nos contratos da soja ontem, na bolsa de Chicago.

"O clima está dando os primeiros sinais de que nem tudo será perfeito para o desenvolvimento das lavouras dos EUA", diz Renato Sayeg, da Tetras Corretora. "De agora em diante, é o clima que deve ditar o rumo em Chicago", afirma. A combinação de falta de chuvas e elevadas temperaturas piorou a situação das plantações. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 66% das lavouras americanas estão em condição de boa a excelente, percentual inferior aos 68% apurados na semana anterior. Ao contrário do que previam os meteorologistas, não choveu no último final de semana.

O Global Weather Services (GWS) prevê queda de temperatura e ocorrência de chuvas esparsas a partir de hoje, o que deverá repor, pelo menos em parte, a baixa umidade do solo.

Contratos para novembro, da safra nova americana, fecharam a 524,50 centavos de dólar o bushel, em alta de 1,9% em Chicago.

Além da situação climática, as declarações do governo chinês de que não vai impor cotas de importação à soja contribuíram para dar sustentação aos preços.

Mais compras do Brasil

Pequim anunciou que planeja reduzir as compras governamentais de grãos (trigo, milho e soja), que tinham como objetivo garantir a renda dos agricultores. Para evitar a escassez, o governo chinês pretende aumentar as importações de soja, especialmente do Brasil.

O governo chinês negocia com o Brasil para que se torne um fornecedor regular da China, que importa mais de US$ 3 bilhões em soja por ano. "Autoridades brasileiras nos disseram que têm, potencialmente, 58 milhões de hectares que poderiam ser plantados com soja", diz Han Jun, diretor de pesquisa do Conselho Estatal da China. "Deveríamos depender mais do mercado internacional" para o fornecimento de alguns grãos, afirmou Han.

A mudança de foco na política de fornecimento deve beneficiar Estados Unidos, Austrália, Brasil e outros exportadores. Quando a China foi integrada à Organização Mundial de Comércio (OMC) em 2001, Pequim começou a reduzir os preços mínimos agrícolas, trazendo-os para patamares mais próximos aos praticados no mercado internacional.

O governo atualmente compra 60% da produção doméstica de grãos, segundo Li Xiqui, analista do Centro Nacional de Informações de Grãos e Oleaginosas. Em 2000, a China comprava 100% da produção. "O governo decidiu que manter grandes reservas de grãos era absurdamente caro, mesmo com o consumo doméstico crescendo mais do que a produção", afirma o analista Edward Allen, do USDA.

Transgênicos bem-vindos

No último final de semana, Pequim também anunciou que não pretende banir as importações de soja transgênica. O país opera, atualmente, um sistema temporário de importações, que vem sendo sucessivamente prorrogado.

Dentro do sistema temporário, Pequim não fiscaliza a soja que chega: ela aceita atestados - emitidos pelos países exportadores - de que o grão transgênico não é prejudicial à saúde humana e animal.

"Esperamos poder emitir nosso próprio certificado de segurança em breve, sem maiores prorrogações", diz Cheng Jingen, vice-diretor do departamento de alimentos transgênicos do ministério. Jingen diz que os testes em campo com safras transgênicas de soja, milho, canola e algodão atrasaram porque houve um atraso no fornecimento das sementes. "Apesar do atraso, os testes de campo prosseguem conforme o programado neste ano", acrescenta.

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