À medida que avança a colheita da safra norte-americana de soja, cresce a suspeita, entre os traders da bolsa de Chicago, de que a produção será menor até mesmo que as 71,9 milhões de toneladas projetadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Há algumas semanas, o USDA foi acusado de ser extremamente conservador em sua estimativa. Hoje, o número parece se aproximar da realidade.
É justamente esse sentimento que vem dando sustentação aos preços da soja, que subiram 2,5% na semana passada. Somente na sexta-feira, a alta foi de 1,6%, com os contratos para janeiro cotados a 640,25 centavos de dólar o bushel na Chicago Board of Trade (CBoT).
A preocupação em relação ao tamanho da safra dos Estados Unidos surgiu quando as primeiras colheitadeiras entraram em campo nos estados de Illinois e Iowa. "Aparentemente, as primeiras amostras sugerem índices de produtividade inferiores aos inicialmente previstos", diz Renato Sayeg, da Tetras Corretora. As suspeitas de queda da produtividade das plantações de soja cresceram com rumores de que as lavouras teriam sido afetadas, ainda que localizadamente, por fungos.
Enquanto isso a China, que parecia adormecida nas últimas semanas, demonstrou apetite fora do comum nos últimos dias, quando circularam rumores de que Pequim estaria interessada na compra de 10 navios de soja em grão.
Talvez a demanda tivesse passado despercebida, caso os EUA não vivessem situação inesperada, há alguns meses, entre oferta e demanda: redução da produção e dos estoques de óleo de soja.
Com os nervos à flor da pele, o mercado promete se manter tenso uma vez que, com a passagem do furacão Isabel, os prédios públicos - incluindo o USDA - estarão fechados até que tenham condições de reabrir. Dessa forma, o relatório semanal de condições das lavouras, que sai toda segunda-feira, poderá ter sua divulgação adiada.
O farelo de soja se beneficiou, na sexta-feira, da alta dos grãos e registrou ganhos de 2% no dia, cotado a US$ 189,90 a tonelada curta no contrato para dezembro.