As cotações da soja, em Chicago, recuaram fortemente nesta semana, com o bushel rompendo o piso dos US$ 13,00 ao alcançar, na quinta-feira (21/09), o valor de US$ 12,93, contra US$ 13,43 uma semana antes. Desde o final de maio que o piso dos US$ 3,00 não era rompido.
A colheita da soja, nos EUA, está caminhando mais rápido do que o esperado, sendo que até o dia 17/09 cerca de 5% da área já havia sido colhida, contra 4% na média histórica. Além disso, a qualidade das lavouras restantes permaneceu com 52% entre boas a excelentes, enquanto 30% estavam regulares e 18% entre ruins a muito ruins.
O mercado ignorou o recuo na produção e nos estoques finais estadunidenses, estimados para 2023/24 no relatório de oferta e demanda do dia 12/09, e se concentra no ritmo da colheita dos EUA e, particularmente, na projeção de um novo recorde de produção da América do Sul, com 163 milhões de toneladas no Brasil e 50 milhões na Argentina (nesse último caso, mais do que o dobro da frustrada safra anterior). Além disso, puxadas pelo “dólar soja”, as exportações argentinas de soja deram um novo salto, chegando a um total acumulado de 2,34 milhões de toneladas até o dia 14/09. Com isso, sem notícias novas, a tendência continuará sendo de preços debilitados em Chicago.
E no Brasil, com um câmbio oscilando entre R$ 4,85 e R$ 4,95 em grande parte da semana, a pressão de Chicago trouxe os preços para baixo. A média gaúcha fechou a semana em R$ 137,67/saco, enquanto as principais praças locais negociaram o produto a R$ 130,00. Já nas demais regiões brasileiras o preço girou entre R$ 114,00 e R$ 124,00/saco.
Importante destacar que o plantio da nova safra de soja, no Brasil, está mais rápido neste ano. Nesta terceira semana de setembro o mesmo atingia 0,40%, contra 0,16% em 2022 e 0,21% na média dos últimos cinco anos.
No Paraná, este plantio atingia 6% da área. Em relação aos últimos anos, apenas em 2018 o Estado tinha um índice de plantio de soja maior que o atual. Naquele ano, era de 9% a área semeada nesta data. A área a ser plantada com soja no Paraná está estimada em 5,8 milhões de hectares, segundo o Deral. Dito isso, o calor intenso e a falta de umidade em muitas regiões do Centro-Sul brasileiro causa preocupações, pois podem começar a atrasar o plantio da soja, além de prejudicar o que já foi semeado. Mas, por enquanto, um eventual atraso no plantio de soja, na prática, não seria o problema maior, porém, o seria para as culturas de segunda safra, como é o caso da safrinha de milho, que teriam sua janela climática favorável encurtada.
Enfim, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) divulgou os resultados da Pesquisa de Capacidade Instalada das Indústrias de Óleos Vegetais em 2023. De acordo com o levantamento, a capacidade total de processamento de oleaginosas, neste ano, atingiu a 69,2 milhões de toneladas, volume 5,6% superior ao registrado em 2022 (65,5 milhões de toneladas). Ainda em comparação ao ano anterior: o número de empresas de processamento subiu de 62 para 63; o crescimento nas unidades industriais de processamento de 122 para 129; o aumento de plantas ativas de 95 para 106 unidades; redução de plantas paradas de 27 para 22 unidades; incremento de 5,5% na capacidade diária total de processamento, registrando 209.632 toneladas/dia. Além disso, a capacidade de processamento em plantas ativas, em 2023, passou a 193.928 toneladas/dia (+10,4% em relação a 2022) e em plantas paradas 15.704 toneladas/dia (-31,1%).
No âmbito regional, a pesquisa da Abiove aponta um aumento considerável da capacidade ativa de processamento no Centro-Oeste, de 84.682 toneladas/dia em 2022, para 92.790 toneladas/dia neste ano. A região é responsável por 44,3% do processamento total de oleaginosas no Brasil. “Por estado, chama atenção a capacidade de plantas ativas no Mato Grosso, que saiu de 45.629 toneladas/dia, no ano passado, para 49.204 toneladas/dia em 2023. Vale ressaltar que 23,5% da capacidade de processamento do país está no Mato Grosso.
A pesquisa da Abiove ainda indicou dados de refino e envase, a saber: a quantidade de empresas permanece em 32; as unidades industriais caíram de 61 para 59 unidades; as plantas ativas permanecem em 49; as plantas paradas caíram de 12 para 10 unidades; o aumento de 8,7% da capacidade de refino em plantas ativas, chegando a 19.822 toneladas/dia; a redução de 7,3% da capacidade de refino em plantas paradas: 2.550 toneladas/dia; e a capacidade total de refino aumentou para 22.372 toneladas/dia (+6,6%). Já a capacidade total de envase registra pequena queda, para 13.845 toneladas/dia (-0,9% quando comparado a 2022). Em plantas ativas aumentou em 12.745 toneladas/dia (+4,8%) e em plantas paradas diminuiu em 1.100 toneladas/dia (- 38,9%). Por fim, de acordo com a Abiove, estão previstos investimentos de cerca de R$ 6 bilhões na indústria de óleos vegetais no próximo ano, o que deve levar a um aumento de capacidade estimada em 19.000 toneladas/dia.
Enfim, a exportação de soja do Brasil deve alcançar 6,88 milhões de toneladas em setembro. Um recuo na comparação das mais de 7 milhões de toneladas estimadas na semana anterior, mas ainda um aumento de mais de 3 milhões de toneladas na comparação anual. Já a exportação de farelo de soja foi estimada em 2,2 milhões de toneladas em setembro, contra 2,16 milhões da semana anterior.
A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA