Soja pode ter aumento de 46% em produtividade
Manejo adequado pode trazer aumento de produtividade sem necessidade de expansão
Em um recente artigo publicado no renomado jornal científico da Nature, pesquisadores brasileiros destacaram um sistema de avaliação de produtividade do solo que revela que a maioria das terras agrícolas brasileiras ainda não atingiu seu potencial máximo de produção.
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A produção de alimentos está intrinsecamente ligada à qualidade do solo. O Brasil, um dos principais players na cadeia global de produção de alimentos, utiliza apenas 30% de suas áreas agrícolas totais para cultivo e pecuária. No entanto, avaliar o potencial total de produção do solo torna-se fundamental, especialmente considerando as restrições ambientais e legais para expandir a agricultura para novas áreas.
O estudo realizado pelos pesquisadores do Departamento de Solo da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), apresentou uma abordagem inovadora para avaliar o potencial produtivo dos solos, denominada "potencial produtivo do solo".
Esta técnica, baseada em análises de solo e aprendizado de máquina, avaliou os rendimentos históricos da cana-de-açúcar e da soja, permitindo identificar onde ainda é possível melhorar os rendimentos das culturas.
Os resultados indicaram que os rendimentos da soja estavam abaixo do estimado pelo potencial produtivo do solo em 46% dos municípios brasileiros. Isso sugere que, com práticas de manejo adequadas, há espaço para melhorias significativas. Para a cana-de-açúcar, 38% das áreas poderiam ter rendimentos melhorados.
A demanda contínua por alimentos e combustíveis aumenta a pressão sobre as áreas agrícolas em todo o mundo. O Brasil, com 30% de seu território (263 milhões de hectares) usado para atividades agrícolas, contribuiu com aproximadamente 27% para o PIB brasileiro em 2020. A soja e a cana-de-açúcar foram as principais commodities produzidas.
Embora ainda haja espaço para expansão agrícola, muitos especialistas sugerem que essa não é uma opção viável para atender às futuras demandas alimentares. Em vez disso, estratégias sustentáveis devem ser desenvolvidas para melhorar os rendimentos onde as culturas já são cultivadas, otimizando o uso de recursos naturais, especialmente o solo.
Essas descobertas são cruciais, pois elas indicam que, em vez de buscar novas terras para cultivo, o foco deve ser na otimização das terras já em uso. Através de práticas de manejo apropriadas e da aplicação de tecnologias.
Em resumo, o solo brasileiro ainda tem um potencial significativo a ser explorado. Com as ferramentas e técnicas certas, o país pode continuar a ser um líder global na produção agrícola, atendendo à crescente demanda por alimentos sem comprometer seus valiosos recursos naturais.
Referência:
Greschuk, L.T., Demattê, J.A.M., Silvero, N.E.Q. et al. A soil productivity system reveals most Brazilian agricultural lands are below their maximum potential. Sci Rep 13, 14103 (2023). https://doi.org/10.1038/s41598-023-39981-y
Material elaborado pelo metereologista, Gabriel Rodrigues com revisão de Seane Lennon.*