CI

Soja em ALTA

Preocupações com a nova onda de calor nos EUA e da guerra entre Rússia e Ucrânia, fizeram os derivados de soja subirem



Foto: Pixabay

As preocupações com a nova onda de calor nos EUA, seguida de menos chuvas, somadas à continuidade das tensões no Leste Europeu, em torno da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, fizeram os derivados de soja subirem bastante, sustentando os preços dos grãos . Efetivamente, o óleo de soja voltou a bater em 72,56 centavos de dólar por libra-peso no dia 25/07, algo que não era visto desde o final de novembro do ano passado. Já o farelo consumido a US$ 464,70/tonelada curta no dia 26/07, a mais alta cotação desde meados de abril passado. 

Nesta semana as cotações da soja , em Chicago, no primeiro mês cotado, se consolidaram acima dos US$ 15,00/bushel. O fechamento desta quinta-feira (27) ficou em US$ 15,32/bushel, contra US$ 14,95 uma semana antes. 

Veja também: Relação de troca para soja e milho nunca foi tão favorável

Soma-se a isso o fato de que as condições das lavouras de soja, nos EUA, na data de 23/07, voltarão a piorar, com 54% ficando agora entre boas a excelentes, contra 59% um ano atrás. Outros 32% estão regulares e 14% se mantiveram entre ruínas a muito ruínas. Cerca de 35% das lavouras estavam com formação de vagens naquele dado, enquanto 70% estavam em floração. 

Já nas exportações, na semana encerrada em 20/07 os EUA embarcaram 283.378 toneladas, somando, em todo o atual ano comercial, um total de 50,2 milhões de toneladas embarcadas, ou seja, 5% menos do que no mesmo período do ano anterior. 

Em termos do clima, o mercado começa a especular que os EUA, continuando a realidade atual, pode não atingir a produtividade média de 58,8 sacos de soja/hectare, o que diminuiria sua produção final quando da colheita em outubro. Assim, aguarde-se o novo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para 11/08, para se ter uma ideia mais clara da situação desta produção. 

E no Brasil, mesmo com um câmbio se aproximando dos R$ 4,70 por dólar, os preços da soja subiram mais um pouco, puxados por Chicago e pela melhoria nos prêmios, embora estes continuem negativos (-US$ 0,60/bushel para agosto, em Paranaguá, lembrando que um ano antes o mesmo estava, para este mês de agosto, em +US$ 1,50/bushel). Com isso, a média gaúcha fechou a semana em R$ 139,36/saco, enquanto nas demais praças nacionais os preços da oleaginosa giraram entre R$ 111,00 e R$ 132,00/saco. Dito isso, nesse momento do ano a demanda pela soja brasileira estabelece uma competição entre os compradores internos e externos, fato que ajuda a controlar ainda mais o mercado. 

Por sua vez, as exportações via Paranaguá, que é o segundo porto brasileiro em movimentações de carga, somaram 11,1 milhões de toneladas no primeiro semestre, se constituindo no maior volume para um único semestre desde a criação do porto, há 50 anos. Houve um aumento significativo nos embarques de grãos em geral, com destaque para a soja, cujo volume de exportação saltou 22,4% depois que o Brasil colheu sua maior safra de todos os tempos em 2022/2023. A soja representou um total de 6,5 milhões de toneladas do total embarcado no primeiro semestre. Em seguida veio o farelo de soja , com cerca de 24% dos embarques totais, e o milho , que representou cerca de 17%, ou 1,9 milhão de toneladas. O Brasil envia a maior parte de sua soja  para a China, mas nesta temporada a quebra de safra na Argentina provocou vendas de volumes inéditos para o próprio país vizinho, que também é um grande fornecedor global de soja e subprodutos. O ritmo médio dos embarques subiu para cerca de 1.088 toneladas por hora, ante cerca de 817 toneladas/hora no mesmo período do ano passado, informou o porto. Neste contexto, segundo a Anec, o Brasil deve exportar 9,11 milhões de toneladas de  soja em julho, após revisão para cima nas expectativas em relação à semana anterior. A Associação estima que os embarques de farelo de soja em 2,53 milhões de toneladas neste mês, enquanto os de milho chegariam a 6,43 milhões. 

Pelo lado da produção brasileira de soja, segundo dados levantados pela consultoria Datagro, a respeito das finanças dos sojicultores brasileiros, no primeiro semestre de 2023, “houve um desempenho misto no geral, mas pendente para o lado negativo, sendo desestimulante ao plantio da nova temporada. Essa tendência negativa está ligada aos preços médios muito inferiores às médias elevadas do mesmo período do ano passado, à obtenção de lucratividades ainda positivas na maior parte dos casos, mas inferiores na comparação com 2022, e à rentabilidade fortemente negativa. Nota se, em termos de preços recebidos, as médias desses primeiros seis meses do ano estão muito abaixo dos excelentes resultados verificados em igual momento de 2021 e 2022, agora se beneficiam das médias históricas. 

Isso explica, provavelmente, o atraso na recepção desta última safra. Até o dia 07/07, apenas 66% da safra brasileira de soja deste ano estava comercializada pelos produtores, diante de 77% em 2022, 91% no registro de 2020 e 80% na média dos últimos cinco anos.

“A segunda variável mais relevante é a lucratividade bruta, que compara a receita administrada com o custo de produção, que a princípio tende a manter a preferência do produtor brasileiro pela oleaginosa. A despeito do expressivo recuo nos preços e dos maiores custos de produção, o setor mantém lucratividades dominantemente positivas pelo 17º ano consecutivo, embora tenha piorado em relação aos excelentes resultados do ano passado e com expectativa de um pouco mais de declínio até o fechamento do atual ano comercial. Essa situação foi possível devido à obtenção de preços médios, em Reais, ainda acima dos padrões normais e, portanto, remuneradores aos sojicultores, apesar de muito aquém do excelente padrão dos últimos dois anos. Obviamente, grande parte dos produtores gaúchos não está nesta situação devido a mais uma forte quebra na safra. 

O terceiro indicador é a rentabilidade financeira, que considera a soja como uma opção de investimento. O 1º semestre de 2023 apresentou resultados fortemente negativos, muito abaixo do excelente desempenho no mesmo período de 2022, sendo o pior de uma série dos últimos 23 anos. O desempenho foi muito pior quando detectado com a de outros ativos analisados, em virtude do aumento gradativo da aversão ao risco do mercado. Em outras palavras, guardar a soja para vender mais tarde foi uma péssima opção entre janeiro e junho deste ano. A média de preço da soja no Brasil acumulou perda real (já descontada a presumida) de 29,9%, no acumulado de 2023 até junho. Em igual momento de 2022, a média brasileira estava em +5,71%.

A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.