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Soja: real forte compensa alta em Chicago

Plantio da nova safra de soja começou de forma tímida



Foto: Canva

Segundo a análise semanal do Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), os preços da soja mantiveram-se relativamente estáveis no Brasil, com a alta registrada em Chicago sendo neutralizada pela valorização do Real, que alcançou R$ 5,42 por dólar após o anúncio da elevação da Selic para 10,75% ao ano. Na média gaúcha, o preço fechou em R$ 123,52 por saco, enquanto nas principais praças locais a cotação variou em torno de R$ 120,00. No restante do país, os preços oscilaram entre R$ 118,00 e R$ 128,00 por saco.

O plantio da nova safra de soja começou de forma tímida, especialmente em algumas áreas irrigadas do Mato Grosso. Entretanto, a umidade do solo no Mato Grosso e no Paraná, que são dois dos três maiores estados produtores de soja do Brasil, está no menor nível em 30 anos, dificultando as condições para o plantio da oleaginosa.

Diante de compromissos de exportação assumidos com base em previsões de uma safra recorde que não se concretizou, o Brasil tem aumentado suas importações de soja. Entre janeiro e agosto, o volume importado atingiu 802.452 toneladas, um crescimento de 703% em relação ao mesmo período do ano anterior. O preço FOB do produto importado está 20% inferior ao dos primeiros oito meses do ano passado, e a expectativa é que o Brasil finalize 2024 com um recorde de até 1,7 milhão de toneladas importadas.

Embora haja entre 33 e 35 milhões de toneladas de soja disponíveis no país, a maioria dos produtores opta por não comercializar, aguardando melhores preços para o próximo ano, uma expectativa incerta. A totalidade das importações nos primeiros oito meses de 2024 veio, em sua maioria, do Paraguai. Os estados que mais importaram soja foram Paraná e Rio Grande do Sul, seguindo a tendência de 2023. Segundo analistas, "o mercado doméstico brasileiro enfrenta escassez devido à dificuldade de planejamento frente à redução da safra observada neste ciclo".

No lado das exportações, o Brasil já enviou 83,4 milhões de toneladas de soja, superando em 3,2% o volume do mesmo período do ano passado, com 73% desse total destinado à China. Essa realidade tem mantido os prêmios nos portos brasileiros acima de US$ 1,00/bushel, o que contribui para estabilizar os preços internos. Entretanto, para o início da próxima colheita, os prêmios já caem para US$ 0,30/bushel, segundo dados de Paranaguá.

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) projeta que o esmagamento de soja em 2024 seja de 54,5 milhões de toneladas, um leve aumento em relação ao ano anterior. Nesse contexto, o Brasil deve encerrar 2024 com os menores estoques de passagem dos últimos 20 anos. Sem uma safra cheia na próxima colheita, a tendência baixista de preços poderá se acentuar no primeiro semestre de 2025. Muitos analistas consideram arriscado para os produtores segurarem a soja, recomendando a comercialização em busca de uma média de preços.

Por fim, o clima permanece como fator central de observação no mercado, com expectativas de chuvas adequadas no Centro-Oeste e Sudeste do Brasil apenas a partir de outubro.

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