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Soja: preços baixos e eleições nos EUA criam incertezas

Desvalorização do real e queda nos preços pressionam produtores de soja


Foto: USDA

Segundo a análise semanal da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), o mercado de soja no Brasil apresenta um cenário desafiador. Apesar da desvalorização do Real oferecer algum suporte aos preços da soja em reais, incentivando um leve aumento nas vendas antecipadas, o país negociou apenas 17% da futura safra até o momento, bem abaixo dos 30% esperados, conforme dados da Brandalizze Consulting.

De acordo com o a análise, atualmente, as margens dos produtores brasileiros estão apertadas, e em alguns casos, já indicam prejuízos. Os prêmios positivos e o dólar, que está cerca de 10% acima do valor esperado, têm ajudado a evitar uma piora maior no quadro, mas a situação pode mudar rapidamente, especialmente em relação ao câmbio. Com isso, os preços desestimulam as vendas, abrindo espaço para os Estados Unidos conquistarem mercados, embora a meta de exportar 50 milhões de toneladas em 2024/25 seja considerada difícil de alcançar, conforme dados  da Agrinvest Commodities. Ainda assim segundo o Ceema, o fato é que a soja dos EUA está mais barata atualmente,  levando a China a comprar mais do país norte-americano.

Nesta semana, os preços da soja brasileira, da safra nova, ficaram entre R$ 121,00 e R$ 123,00 por saca, no porto de Paranaguá, para os meses de março, abril e maio do próximo ano, cerca de R$ 20,00 abaixo dos melhores momentos registrados há poucas semanas, quando os valores chegaram a R$ 140,00 por saca, conforme dados do Brandalizze Consulting divulgados pelo Ceema.

Segundo a análise semanal, levando em conseideração que ainda há o fator eleições presidenciais nos EUA no final do ano,  cujo o resultado pode alterar os rumos deste mercado. Neste contexto, cotação do dólar, que variou entre R$ 5,45 e R$ 5,55, trouxe uma leve melhora nos preços no Brasil. A média gaúcha recuou para R$ 114,86 por saca, com as principais praças fixadas entre R$ 113,50 e R$ 114,00. Em outras regiões do país, os preços oscilaram entre R$ 110,00 e R$ 120,00 por saca.

Análises privadas, considerando a média dos últimos três anos em termos de esmagamento interno de soja, a partir de dados da Abiove, indicam que o Brasil esmagou 31,7 milhões de toneladas até o final de julho, o segundo maior volume para os primeiros sete meses do ano desde 2017. O país exportou 75,4 milhões de toneladas no mesmo período e precisa exportar mais 17 milhões até o final de 2024 para alcançar o número anual de 92,4 milhões de toneladas. Segundo o Ceema, considerando tais números, chega-se a conclusão de que em 1º de agosto o país tinha ainda 44,4 milhões de  toneladas de soja disponíveis. Considerando que as esmagadoras de soja, no mesmo  período, já teriam comprado 40,2 milhões de toneladas da oleaginosa, tem-se que as  mesmas ainda possuem 8,5 milhões a serem esmagadas. Considerando que no restante do ano outras 20,9 milhões de toneladas devem ser processadas, o setor ainda precisa 12,4 milhões para fechar a conta no final do ano. Com um estoque final estimado em 3,1 milhões de toneladas ao final de 2024, espera-se um aumento na demanda interna por soja nos próximos meses, o que pode pressionar ligeiramente os preços locais. Essa elevação pode tornar a venda para esmagamento interno mais atraente para os agricultores, em vez da exportação. Essa elevação, mesmo que  pequena, nos preços pode “tornar mais atraente para os agricultores a venda de soja  para esmagamento interno do que para a exportação, sem esquecer que, se o  mercado ficar muito caro, as esmagadoras podem decidir fazer sua manutenção anual  durante o segundo semestre do ano para ajustar a planta e para evitar esmagar soja  cara” conforme dados do Hedgepoint Global Markets divulgados pela Ceema.

Enquanto isso, a exportação de soja brasileira aumentou na última semana, com um volume médio diário de 360 mil toneladas, aproximando-se dos resultados de agosto de 2023. Até a terceira semana de agosto, o país exportou 4,3 milhões de toneladas de soja, contra 8,4 milhões em todo o mês de agosto do ano anterior. Nos primeiros sete meses de 2024, a China importou 43,6 milhões de toneladas de soja brasileira, 12% a mais que no mesmo período do ano passado, enquanto as importações de soja dos EUA pela China caíram 25%, somando 12,6 milhões de toneladas.

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