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Sem agricultura, negociação empaca em Montreal



O presidente do Conselho Geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), Carlos Perez de Castillo, disse na semana passada que, sem sinais de mudança de posição em áreas-chave como a agricultura, durante a reunião informal de ministros que começa hoje (28-07), em Montreal, será muito difícil tirar as negociações do impasse. Isso reduziria as chances de fechar um novo acordo global de liberalização do comércio no prazo estipulado de janeiro de 2005. Por isso, diplomatas estão classificando a reunião como “a última esperança”.

As atuais negociações nasceram com a promessa de abertura dos altamente protegidos e subsidiados mercados agrícolas das nações ricas. A julgar pela expectativa dos anfitriões, não se deve esperar muito do encontro. Um alto funcionário canadense disse que as conversas entre os ministros não focalizarão a agricultura, e seu principal objetivo será avaliar se os governos estão “trabalhando com o nível certo de ambição” para a reunião de Cancún, em setembro, determinante para o sucesso ou o fracasso da rodada Doha.

“Minirreuniões não são foros de decisão, mas uma chance para os ministros se conhecerem, compreenderem as questões e o que precisa ser feito para ir adiante”, disse o funcionário canadense. O encontro de Montreal será “uma oportunidade para ver “sinais adicionais de flexibilidade e de rumo político, de maneira a permitir que os países instruam seus ministros a voltar a Genebra com mandatos mais flexíveis”.

O Brasil, representado pelo chanceler Celso Amorim e pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, é um alvo certo da pressão por concessões. Semana passada, o diretor-geral da OMC, Supachai Panitchpakdi, que visitará Brasil, Argentina e Uruguai nesta semana, pediu que o governo brasileiro dê sinais de flexibilidade.

O apelo de Panitchpakdi foi feito depois que o País associou-se às duras críticas dos países em desenvolvimento à primeira proposta do texto da declaração para a reunião de Cancún. O documento não faz referência a fórmulas para redução de tarifas ou a reduções porcentuais de subsídios à produção agrícola ou a outras modalidades sugeridas pelos presidentes dos grupos que negociam acesso a mercado e agricultura.

Num sinal antecipado de que não esperam que o encontro de Montreal destrave as negociações, representantes americanos e europeus já começaram o esforço político de administrar um provável fiasco em Cancún. Na semana passada, eles disseram não ter expectativa de que a reunião ministerial no México produzirá um acordo detalhado. Evitar um fiasco em Montreal é a preocupação mais imediata das autoridades canadenses. Não bastassem as diferenças substantivas que serão expostas pelos ministros durante suas conversas, milhares de manifestantes antiglobalização prometem ir às ruas para tentar bloquear a reunião.

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