O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, fez declarações polêmicas ao comentar, na sexta-feira (04), o conflito entre sem-terra e seguranças de fazendeiros ocorrido de madrugada no noroeste do Paraná. Primeiro, ao ser indagado se sabia quem começou o confronto, Rodrigues disse não ser delegado de polícia para saber a quem culpar e chegou a dizer:
- Quem tem patrimônio tem que defendê-lo.
Questionado por um repórter se estava defendendo o conflito armado, Rodrigues tratou de explicar:
- Que tolice! Não ponha palavras na minha boca. É preciso defender o patrimônio de todas as maneiras possíveis, mas sob o império da lei.
Temendo que as declarações tivessem repercussão negativa, o ministro da Agricultura, ao prosseguir nas explicações, acabou dizendo que, se a lei permitir, o uso de armas pelos fazendeiros é legítimo. Rodrigues reiterou que a propriedade deve ser defendida sob o império da lei, afirmando que ela permite que a pessoa se antecipe a qualquer ocupação de terra.
Aí os repórteres quiseram saber se ele estaria defendendo o uso de armas pelos produtores rurais.
- Eu defendo toda hipótese permitida pela lei, seja antes ou depois da invasão - respondeu o ministro.
Diante de nova pergunta, sobre se a lei permite o uso de armas, o ministro disse que é preciso consultar advogados.
- É a grande questão. Precisamos ouvir advogados para saber o que a lei prevê para uma defesa física de uma propriedade. Não sei se é legal, precisamos consultar a lei, mas se for, acho que é legítimo.
Rodrigues disse que o setor agrícola responde por 25% do PIB brasileiro e precisa de tranqüilidade para continuar trabalhando, sem a inquietação provocada por invasões e conflitos armados. Disse que a reforma agrária tem ser feita, mas sem violência e dentro da lei. Segundo ele, os erros das últimas décadas geraram exclusão no campo e deram origem à tensão de hoje.
- O presidente Lula me mandou fazer uma reforma agrária capitalista, respeitando os direitos - afirmou.
Segundo Rodrigues, não há pressão dos produtores rurais para que o governo use a força para conter a onda de invasões:
- Não tem pressão, há uma preocupação. Os ruralistas são meus amigos e eu também sou um ruralista e minha preocupação é resolver o problema de uma forma negociada.