SC: oeste terá Núcleo de Tecnologia e inovação do Leite
Uma antiga reivindicação da cadeia produtiva do leite será finalmente atendida
Uma antiga reivindicação da cadeia produtiva do leite será finalmente atendida. O campus da Udesc em Pinhalzinho anunciou nesta semana a contratação da obra de construção do Núcleo de Ciência, Tecnologia e Inovação do Leite - NCTI. A edificação terá 3.948 metros quadrados e será concluída no prazo de 540 dias ao custo de R$ 9,7 milhões. A empresa vencedora da licitação pública é a Construtora Oliveira, informa o diretor geral professor Cleuzir da Luz.
Há cerca de uma década esse empreendimento estava sendo reivindicado pelas entidades de representação dos produtores rurais e das agroindústrias, como a OCESC, a FAESC e as cooperativas agropecuárias. Essa necessidade havia sendo levantada em vários diagnósticos do Sebrae/SC como o Projeto Líder e o projeto de integração fronteiriça. O objetivo é consolidar a rota de integração do leite na faixa de fronteira, formada por 82 municípios do oeste. Essa região responde por 78% da produção catarinense de leite, o que equivale a 3 bilhões de litros por ano.
O Núcleo está orientado para a melhoria da qualidade e aumento da produtividade, além de diversificação do mix de produtos lácteos da região. A estrutura do NCTI será constituída por três segmentos: laboratório da qualidade do leite, indústria de lácteos em escala piloto e laboratório de pesquisa e inovação em leite e derivados.
O laboratório da qualidade do leite oferecerá análises para avaliação da qualidade do leite, incluído CCS (contagem de células somáticas), CPP (contagem padrão em placas), contaminantes, medicamentos e parâmetros físico-químicos. O mais importante, porém, será o credenciamento na rede brasileira de qualidade do leite do Ministério da Agricultura.
A indústria em escala piloto promoverá cursos e treinamentos, oficinas para inovação e diversificação de produtos e otimização de processos. O laboratório de pesquisa e inovação realizará pesquisa aplicada, buscará soluções para a necessidade do setor e estudará componentes, produtos e processos para toda a cadeia produtiva.
O diretor vice-presidente de agronegócios da Cooperativa Central Aurora Alimentos (Aurora Coop) Marcos Antonio Zordan classificou como “uma grande conquista para Santa Catarina porque destaca o interesse do produtor em produzir qualidade”. Observou que o laboratório cuidará do produtor até a indústria. Indicará novas tecnologias para o produtor e novos produtos para a indústria.
Zordan realçou que o oeste produz hoje o melhor leite do Brasil e que o laboratório trará mais desenvolvimento para a região e dará a segurança do melhor produto. “Vem endossar tudo o que está sendo feito. Esse laboratório nos dará cobertura para tudo o que vamos precisar em qualidade e produtividade”.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (FAESC) José Zeferino Pedrozo saudou com entusiasmo o anúncio do empreendimento. “Esse investimento será muito importante, não somente para os produtores, mas especialmente para as indústrias. Era muito esperado, pois o grande oeste de Santa Catarina responde pela maior parte do leite produzido em território barriga-verde”, comemorou.
Pedrozo observou que atualmente não há laboratório certificado para análise da qualidade do leite em Santa Catarina, sendo que a demanda de análises do setor leiteiro é enviada para Curitiba no Paraná ou Passo Fundo no Rio Grande do Sul. “Vai representar rapidez nos resultados e uma grande redução de custos. Será um grande aliado no controle da sanidade do rebanho” acrescentou.
O gestor estadual do agro do Sebrae/SC Enio Albérto Parmeggiani lembrou que o projeto de desenvolvimento e integração fronteiriça apontava, desde 2014, a necessidade do laboratório, bem como os projetos Líder e Encadeamento Produtivo da Aurora Coop. “É um grande gesto de integração entre a universidade e o mercado que permitirá a qualificação de mão de obra, a pesquisa e a inovação”.
O gestor aponta que, atualmente, as indústrias geram 40 ou 50 produtos lácteos enquanto uma Nova Zelândia, por exemplo, tem 1.400 produtos. “Há muito campo para pesquisar e crescer”, encerrou Parmeggiani.