São Paulo é 20% do agro brasileiro
Estado é destaque em várias culturas e pesquisa no setor
Dizem que existe amor em São Paulo. O que com certeza existe é o amor do paulista pelo agronegócio. O setor movimentou mais de R$ 578,2 bilhões em 2018 e cerca de 20% do total do PIB do agro brasileiro vem do Estado de São Paulo. Com investimento em tecnologia, modernização e pesquisa o agronegócio vem gerando muitas oportunidades. 15% dos empregos formais de São Paulo estão no campo. Um dos principais polos exportadores do país, o Porto de Santos, é o maior da América Latina. Por lá passa 48% da soja nacional; 82% do café e é o maior exportador de proteína animal do mundo, com cerca de 900 mil toneladas por ano.
Foco na pesquisa
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), faz uma projeção ousada para 2050: a população será de 9,8 bilhões, 29% a mais do número atual e o crescimento maior será nos países em desenvolvimento. 70% da população será urbana e os níveis de renda serão maiores do que os atuais. A produção de cereais terá que aumentar para 3 bilhões toneladas/ano e a produção de carne precisará aumentar em mais de 200 milhões de toneladas. Um desafio e tanto para o agro, especialmente o do Brasil.
Grande parte deste esforço já está sendo feito pela pesquisa, que aponta soluções para os principais problemas na lavoura, na pecuária e potencialidades que visam a produtividade. Em São Paulo são 6 institutos de pesquisa: Instituto Agronômico de Campinas (IAC); Instituto de Zootecnia (IZ); Instituto de Pesca (IP);Instituto Biológico (IB); Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), que receberam mais de R$ 1 bilhão nos últimos 5 anos. Além da já reconhecida mundialmente Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), que completou 118 anos. A unidade já formou mais de 16 mil profissionais e titulou mais de 10 mil mestres e doutores.
Muitas oportunidades
Café, cana-de-açúcar, citros, hortaliças, pecuária, frutas, borracha. São muitas as opções que o Estado de São Paulo oferece em produtos agropecuários. E cada uma dessas culturas enfrenta desafios.
Cana-de-açúcar : O primeiro engenho de cana-de-açúcar foi construído há mais de 500 anos no litoral paulista. Hoje São Paulo é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, açúcar e etanol. São 358 milhões de toneladas de cana; 24 milhões de toneladas de açúcar; 13 bilhões de litros de etanol. O setor sucroenergético experimentou a mecanização e vem sobrevivendo aos problemas climáticos, como as geadas que ocorreram em agosto deste ano e que só devem ser sentidas na próxima safra.
Citros: São Paulo também é destaque no citros. Concentra 60% da produção mundial e 78,7% da produção nacional de laranja, sendo o maior exportador mundial. Para se ter ideia do volume a produção paulista chega a ser 12 vezes maior que a de Minas Gerais, segundo produtor. E no limão tem 75,1% da produção nacional além de ser o segundo produtor nacional de tangerina. Esse aumento da produtividade está relacionado a melhorias na implantação e manejo do pomar e no aumento na densidade de plantio. Modernas técnicas de controle biológico também estão ajudando no controle do greening, principal doença. O consumidor brasileiro e estrangeiro estão cada vez mais exigentes em qualidade da fruta e isso também desafia produtores.
Café: Quem não gosta de um bom café? São Paulo é sinônimo de fazendas históricas de produção em contraste com produções novas, geridas por jovens cafeicultores. Outra aposta atual está nos cafés especiais, que se destacam em testes internacionais de sabor e aroma. O segmento teve expansão média de 15% nos últimos anos. Em 2018 a safra paulista de café alcançou 5,8 milhões de sacas de café, o que representa um aumento de 29,6%.
Hortaliças: A olericultura responde por 40% da produção nacional. Geralmente praticada em pequenas propriedades por agricultores familiares. São cerca de 53 espécies plantadas, em pouco mais de 156 mil hectares.
Grãos: São Paulo também é destaque em soja. A área cultivada na safra 19/20 deve ocupar 1,04 milhão de. A previsão é de uma produção entre 3 milhões e 4 milhões de toneladas. Nos últimos anos, a expansão da soja vem se intensificando na agricultura paulista, a ponto de se tornar a principal cultura do ciclo anual. O milho é boa alternativa na safrinha. Nesta safra São Paulo deve importar menos cereal de outros Estados, com uma colheita total de 8,2% maior tanto na primeira safra quanto na safrinha.
Pecuária, aves e suínos: A importância da bovinocultura no Estado de São Paulo é amplamente reconhecida por diferentes fatores. Em 2018 o rebanho dos bovinos de corte cresceu 2,6%, São 10,4 milhões de cabeças. Nos últimos anos o que desponta é a genética. São Paulo também tem produção avícola, com 591 milhões de aves de corte e 51,9 milhões de postura além de crescimento de 8,8% na produção de ovos. Nos suínos são 894 mil cabeças.
Borracha: Mesmo em crise nos últimos anos o setor de heveicultura, com produção de borracha natural, concentra 90% da atividade no Estado. Em 2018, foram 184 mil toneladas, com área plantada de 251 mil hectares, sendo 152 mil em produção.
Produtores apontam desafios
André Cunha - Fazenda Bela Época, planta café, em Ribeirão Corrente
"A maior dificuldade na cafeicultura são os ciclos de preços baixos. Temos um custo de produção e renda semelhante, com pouca margem de lucro. Teria que ter uma política de preço mínimo. As mmudanças climáticas cada vez mais instáveis, chuvas mal distribuidas, altas temperaturas impactam muito, especialmente, em lavouras jovens, registrando quedas de produtividade. Isso se aumenta com tecnologia, produz mais mas falta preço justo."
João José Coutinho – planta pimentão, em Arealva
“Investi em estufas para manter umidade, temperatura e me permitir produzir em grande parte do ano. Tem que estar próximo ou com fácil deslocamento para os grandes centros, para escoar a produção. O investimento em tecnologia, estufas altas é caro mas trabalhando bem se recupera. O produtor tem que estar atento a isso”
Maria Isabel Scarpa de Arruda, planta café na Fazenda Santo Antônio da Bela Vista, em Itu
“Nossa produção de café teve origem na família. É um cafezal antigo e que está se renovando. Maior desafio é conseguir qualidade, ter grãos selecionados para uma bebida especial. Planto arábica da variedade catuaí. O selecionado vendo para turistas e o restante para a indústria. Inclusive o turismo veio agregar em momentos de baixa do café e ficou. Já há 25 anos desenvolvemos um projeto chamado do Cafezal ao Cafezinho, onde os visitantes conhecem toda a produção. Os resultados são ótimos porque valoriza nosso trabalho no café e passam a ver o café de forma diferente”.
Antônio Carlos Simonetti, planta laranja e é presidente da Associação Brasileira de Citros de Mesa, em Aguaí
“Para poder produzir o maior desafio é o greening. É muito difícil implantar um pomar e ter sucesso sem a praga. Norte do estado tem índice mais baixo mas tem outras regiões com muita incidência. Também tem o fator clima, se vai produzir com ou sem irrigação. Ter cuidado com as altas temperaturas ou falta chuva na florada, temos abortamento. A comercialização também desafia. A citricultura tem preço flutuante e cada ano é uma surpresa , tudo depende da safra.”
Sarita Junqueira Rodas, pecuarista e produtora rural, cria gado e planta, cana, laranja e soja, em Tabapuã
"Hoje, o maior desafio do agro é motivar e desenvolver as pessoas a serem mais produtivas e inovadoras constantemente. O campo atualmente é altamente tecnológico, teve grande profissionalização, sofremos alguns preconceitos principalmente na área ambiental. Cabe a nós preservamos e o custo disso é dos produtores. Porém, seguimos firmes e fortes sendo a locomotiva que toca o Brasil e alimenta o mundo. Eu acredito no Agro assim como tenho a certeza de que o Brasil será o responsável pelo sustento do ser humano no planeta."
Você sabia que tinha tudo isso em São Paulo? Saiba que tem muito mais e que o campo está cada vez mais tecnológico. Confira no vídeo como as tecnologias movem o agro paulista: