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Saiba como evitar a presença de lesmas e caracóis no quintal ou horta

Moluscos podem causar perdas ao produtor e algumas espécies são transmissoras de doenças



Foto: Divulgação

Muita gente que se esforça para manter as plantas do quintal ou jardim de casa saudáveis e bonitas já se deparou com eles. Caracóis e lesmas são presença frequente em diversas plantas ornamentais ou alimentícias. Do mesmo modo, produtores rurais constantemente sofrem com as perdas que eles causam. Mas será que estes animais são todos iguais? A presença deles é sempre algo ruim?

“As lesmas e caracóis são moluscos gastrópodes responsáveis por perdas econômicas na produção de hortaliças e plantas ornamentais, além de muitas vezes, causarem incômodo pela simples presença”, diz Francisco José Zorzenon, pesquisador do Instituto Biológico (IB-APTA),  da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O pesquisador menciona que a principal diferença entre eles se dá pela existência de uma concha bem desenvolvida nos caramujos e caracóis e ausente (ou pouco desenvolvida) nas lesmas. “Convenciona-se que, enquanto os caramujos são de hábito marinho, os caracóis vivem em ambiente terrestre ou aquático de água doce”, coloca o especialista. Já as lesmas, acrescenta, são na maior parte das vezes, terrestres, ainda que existam espécies em ambientes aquáticos.

No Brasil, existem muitas espécies nativas destes moluscos. Apesar de sua presença ser indesejada para muita gente, devido ao seu aspecto viscoso, a maior parte delas não causa maiores problemas para jardins e quintas, estando integradas aos habitats. Quando se trata de produção de hortaliças ou mudas ornamentais, entretanto, desequilíbrios na população dos moluscos podem trazer prejuízos importantes. “Provocam tanto prejuízos quantitativos quanto qualitativos, pois, além de diminuírem a produtividade, depreciam o produto, reduzindo seu valor devido à presença de muco ou mesmo dos próprios animais nas hortaliças”, pontua Zorzenon. “Em plantas ornamentais também podem causam danos estéticos e em alguns casos, quando em infestações severas, podem ser consideradas pragas limitantes, levando ao depauperamento e morte das plantas”, adiciona. O pesquisador do IB pondera que os prejuízos econômicos são variáveis, dependendo do tipo de cultura atacada. Em alguns casos, como no cultivo de feijão em plantio direto, por exemplo, pode haver uma redução de até 20% na produtividade devido à presença dos moluscos-pragas. Batata e batata-doce são também culturas bastante afetadas.

A situação é agravada, segundo o especialista, pela presença disseminada de espécies exóticas, consideradas invasoras. “A introdução do caracol-gigante-africano (Achatina fulica) no Brasil para fins comerciais em substituição ao escargot (Helix spp.), fez com que ele se tornasse uma praga agrícola e urbana de importância econômica”, frisa Zorzenon. O pesquisador conta que, por ser uma espécie exótica e extremamente agressiva, tanto na procura por alimentos quanto em sua reprodução, o caracol-gigante-africano não possui inimigos naturais, o que propicia um aumento muito rápido de sua população, fazendo com que já seja possível encontrá-lo em todas as partes do país. Além disso, comenta, compete com as espécies nativas podendo levar à diminuição da diversidade de moluscos de uma região, causando um impacto ambiental. “Além dos danos econômicos, também possui importância sanitária, pois pode transmitir vermes prejudiciais à saúde humana, os quais são causadores de doenças graves, que podem levar a perfuração intestinal e hemorragia abdominal, resultando, em alguns casos, em óbito”, alerta o especialista, ressaltando que não se deve tocar no animal sem o auxílio de luvas ou de uma sacola plástica.

Como controlar a população de caracóis e lesmas na propriedade?

De acordo com pesquisador do IB, uma prática incorreta, mas muito difundida, é o uso do sal, colocado diretamente sobre os moluscos para abatê-los. “Essa prática deve ser evitada, pois em excesso poderá causar a redução da fertilidade do solo, afetando diretamente o vigor das plantas”, adverte. Segundo Zorzenon, a escolha da melhor medida ou conjunto de medidas a serem empregadas depende de vários fatores, como tamanho da propriedade, tipo de cultivo e grau de infestação. Confira abaixo as práticas que o especialista indica como sendo as mais racionais e eficientes no controle de lesmas e caracóis:

Catação: a coleta manual de adultos é factível quando a área cultivada for pequena, ou em áreas urbanas domiciliares (jardins, quintais, etc.). Deve-se coletá-los com luvas de borracha ou sacos plásticos, devido às doenças que podem transmitir. Os indivíduos deverão ser destruídos em água fervente ou manualmente (sem contato direto com as mãos). Também podem ser acondicionados em sacos plásticos de cor escura, bem fechados, deixando-os ao sol por algumas horas.

Iscas tóxicas: normalmente à base de metaldeído (produto medianamente tóxico e de uso domissanitário), são pellets que devem ser distribuídos na dose de 50 gramas por metro quadrado, propiciando uma redução de mais de 80% da população infestante. Há ainda, no mercado, iscas à base de fosfato férrico, também em forma de pellets e de menor impacto ambiental (menos tóxica a animais silvestres, domésticos, etc.), que devem ser utilizadas seguindo as orientações do fabricante.

Armadilhas atrativas: consistem em estopa ou panos embebidos em cerveja ou leite dispostos junto à cultura infestada. As armadilhas devem ser colocadas ao anoitecer e recolhidas no dia seguinte bem cedo. Tanto a cerveja quanto o leite atraem lesmas e caracóis, os quais deverão ser recolhidos e destruídos manualmente ou em água fervente. Também poderão ser colocados restos de hortaliças (talos, folhas, etc.) como atrativos, sobre jornais ou lona plástica.

Cal ou cinzas: apesar de menos eficiente quando comparado a outros métodos, a cal ou as cinzas podem ser dispensadas em faixas de 20 cm de largura em volta da cultura. Estas faixas dificultam o acesso de lesmas e caracóis às plantas. Após cada chuva, ou semanalmente, deve-se repetir o procedimento.

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