Saiba como entrar na olivicultura
Com consumo interno demandando azeites de qualidade, setor vê oportunidade de crescer 90%
O Brasil vem descobrindo os azeites de oliva sabor made in nacional. Rio Grande do Sul e Minas Gerais têm se destacado com produção de qualidade reconhecida em premiações internacionais e ganhando mercado, diante das constantes fraudes de azeites importados.
Na Serra da Mantiqueira, entre Minas Gerais e São Paulo, são cerca de três mil hectares de oliveiras plantados, e no Rio Grande do Sul, em torno de 7 mil hectares. Até o final de 2020, o Brasil deve atingir uma área em torno de 13 mil hectares plantados e 80 marcas. São 330 produtores. Os dados são do Instituto Brasileiro da Olivicultura (Ibraoliva).
Segundo o diretor técnico da entidade, Fabrício Carlotto, há muito espaço para crescer. “Levando em consideração uma população brasileira de 200 milhões de pessoas e que o consumo médio é de 350 gramas por habitante ano, seria necessário 70 a 80 mil hectares de oliveiras plantadas em produção para atender somente a demanda interna. Temos só 10% do necessário. A capacidade de expandir é enorme. Temos área e mão-de-obra para o aumento da atividade”, acredita.
Nós conversamos mais com o técnico para saber o que o produtor tem que levar em consideração se deseja implantar um pomar, manejos e oportunidades. Confira:
Portal Agrolink: como está o setor hoje?
Fabrício Carlotto: a olivicultura é uma das atividades que mais cresce em área de plantio. O mercado consumidor de bons produtos está cada vez mais ávido e, nesse segmento, os azeites de oliva se destacam, inclusive com indicação de médicos e nutricionistas na chamada dieta do Mediterrâneo, que auxilia em doença cardíacas. A olivicultura gaúcha se destaca em qualidade, frescor e premiações internacionais. Temos uma possibilidade de ampliação de área.
Portal Agrolink: o produtor que pensa em entrar na atividade deve avaliar que fatores?
Fabrício Carlotto: no ramo da olivicultura ele precisa saber é que para implantar um pomar tem que ter áreas bem drenadas e com bastante luminosidade. A oliveira não se comporta bem em regiões que tendem a acumular umidade ou encharcamento. É uma planta de origem desértica então, em função disso, exige este tipo de solo. Plantas que estão em áreas sombreadas também não se desenvolvem bem e isso impacta na produção. Claro que, além desses dois pontos, há outros fatores que precisam ser levados em consideração: proximidade de locais de processamento ou planejar o projeto para que futuramente possa adquirir máquinas e fazer a própria transformação em azeite, agregando valor e deixando de depender da logística ou localização.
Portal Agrolink: como escolher a variedade?
Fabrício Carlotto: além de pensar no ambiente o produtor deve planejar as variedades. Se ele pretender vender então tem que estar atento àquelas variedades que o mercado tem interesse em comprar. Hoje a nossa olivicultura é baseada em Arbequina e Koroneike, com resultados concretos. Buscar a sistematização da área, fazer os drenos necessários. Algo que é muito importante também é fazer uma boa implantação porque grande parte do sucesso vem disso.
Portal Agrolink: e o solo?
Fabrício Carlotto: deve preconizar o preparo de solo em área total, fazer correção do Ph e fertilidade, porque muitos desses insumos além de baixa mobilidade de solo não há como incorporar futuramente. Alguns manejos também são importantes: primeiras irrigações pós-plantio principalmente em anos secos, impactando em replantio. Também são fundamentais podas de formação e controle de pragas e doenças.
Portal Agrolink: quais as pragas que mais incidem na cultura?
Fabrício Carlotto: as oliveiras sofrem com ataques de formigas e roedores como lebre e demanda aplicação de defensivos contra doenças. Temos duas pragas importantes: na fase inicial as formigas podem desfolhar toda a planta e impactar no crescimento e durante a primavera até o outono ataques de lagartas que comem as brotações.
Na última Expointer nossa equipe ensinou como reconhecer um azeite de oliva de qualidade. A atividade foi orientada pelo Mapa e o Ibraoliva: