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Safra de café do Brasil deve ser menor


Enquanto a colheita avança, cresce a idéia de quebra maior, devido redução da produtividade. As estimativas para a safra mundial 2003/04 de café aos poucos vão se tornando mais realistas e, consequentemente, encolhem a medida que avança a colheita de importantes produtores. No Brasil, maior centro cafeicultor do mundo, o governo, que projetou inicialmente uma safra entre 27,7 milhões e 29,9 milhões de sacas - volume entre 37% e 41% inferior à colheita do ano passado - começa a dar sinais que a produção será ainda menor. A empresa de consultoria FNP, que colocou a produção do País em patamares perto das 32 milhões de sacas no mês de maio, já admite uma redução entre 2 milhões e 3 milhões de sacas no próximo boletim que será divulgado entre os meses de setembro e outubro. Mesmo caminho deverá ser percorrido pela empresa de consultoria Safras & Mercado, que estimou em 32,9 milhões de sacas a produção brasileira de café no último mês de maio. "É consenso que safra será menor porque conforme a colheita avança percebe-se queda na "renda" da lavoura", explica Gil Barabach, analista da Safras & Mercado. A renda a que ele se refere são os grãos instalados dentro dos cocos de café - um indicador de produtividade - que neste ano estão mais leves e menores que os da safra passada.

"Os cafeicultores que conseguem estão tentando segurar a produção na expectativa de aumento das cotações e liberam lentamente a safra", diz Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes.

Cotações estáveis

Mas como nem todos os produtores estão em boas condições financeiras, que os permitam segurar a produção, o escoamento da safra brasileira tem contribuído para manter a estabilidade dos preços do grão. A saca de café fino descascado é cotada no mercado interno a R$ 185, valor 17% inferior ao projetado pelo mercado para esta época do ano. "Enquanto não se define uma tendência de comportamento dos preços o mercado segue estável", diz um analista. Ontem, os contratos para entrega em dezembro foram negociados a 63,80 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York, valor 0,4% menor que as cotações praticadas há três meses, quando os contratos de segunda posição eram negociados, em 28 de abril, a 64,10 centavos de dólar por libra-peso em Nova York.

"Não existe excesso de produção sobre o consumo. Em breve o Brasil estará consumindo 15 milhões de sacas por ano e será necessário produto para abastecer este mercado e manter as vendas externas. Falta dinheiro para capitalizar o produtor", avalia Eduardo Carvalhaes.

Safra mundial

Devido o grande peso do Brasil na composição da oferta mundial, os ajustes da safra brasileira devem contribuir para reduzir as projeções da produção mundial no período 2003/04, atualmente em 107 milhões de sacas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e em 101 milhões pela Organização Internacional do Café (OIC). Com isso, a tendência é de que os preços voltem a se firmar. Existem, entretanto, algumas sombras sobre o mercado: os altos estoques nas mãos dos importadores, o escoamento das safras da Colômbia,Vietnã e Indonésia a partir de outubro e as especulações quanto à safra 2004/05 do Brasil. "Devido o ciclo bianual a próxima safra tende a ser maior".

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