O preço do álcool hidratado (colocado diretamente no tanque do carro) pode voltar a custar muito próximo de R$ 1,00 o litro. O motivo é a entrada da safra de cana-de-açúcar no Paraná. A colheita, segundo dados da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento do Estado, já teve início em abril. A produção dos derivados da cana está atingindo 168 mil metros cúbicos de álcool, principalmente hidratado, e 250 mil toneladas de açúcar. Em razão disso, desde maio o valor do produto nas usinas do Paraná já caiu 28% e a previsão é que o consumidor, que paga hoje até R$ 1,54, sinta no bolso essa redução.
O preço nas bombas já caiu cerca de 4% em maio em decorrência do aumento da oferta do produto no mercado, mas há espaço para uma queda maior, segundo os usineiros e donos de postos. A Shell e a Ipiranga começaram a repassar essa redução aos postos no Paraná na última semana. Notas fiscais emitidas mostram que elas venderam o álcool aos postos de sua bandeira a R$ 1,05 e R$ 0,927, respectivamente. O custo do litro do álcool para postos de outras distribuidoras ainda é de até R$ 1,30.
Consumidor
A expectativa do presidente da Associação Paranaense de Produtores de Álcool (Alcopar), Armínio Tormena, é que o litro do álcool hidratado passe a custar R$ 0,90 nas bombas. Até abril, segundo ele, este era o preço do álcool nas usinas para as distribuidoras.
Desde o começo de maio, a oferta maior do produto fez o preço cair e, de acordo com Tormena, já está custanto R$ 0,65, sem impostos, frete e margens de ganho da distribuidora e postos. "Mesmo com outros custos acrescidos a este valor, acreditamos que a redução nas usinas beneficie o consumidor."
Tormena diz ainda que há viés de baixa do preço do álcool nas usinas. "É o mercado que se movimenta e vai definir esses valores, mas acho que o preço mínimo pode chegar a R$ 0,60", afirma.
O presidente do Sindicombustíveis, Roberto Fregonese, sindicato que representa os postos do Paraná, concorda que os preços cairão, mas não na mesma proporção estimada pelo presidente da Alcopar. Fregonese fala em R$ 1,20 por litro nas bombas. "Hoje o preço médio no Paraná, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), é de R$ 1,34. A redução, diz ele, deve ocorrer a partir da semana que vem, já que muitos postos e distribuidoras ainda têm estoque com preço antigo.
De acordo com dados da ANP, em maio o preço do álcool já caiu 5,5% em Curitiba e no Paraná, 4%, mas a safra não é a única explicação. "Parte dessa queda se deve à redução do preço nas usinas, mas também está ligada à sonegação de impostos, entre eles o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)", diz o presidente do sindicato. Estimativas de sindicatos nacionais de distribuidoras de combustíveis, apontam que 1 bilhão de litros de álcool dos 5 bilhões produzidos pelas usinas chegam ao mercado sem tributação.