Rússia propõe abastecer África
A Rússia enfrenta desafios em fortalecer sua presença econômica na África
Na cúpula Rússia-África, em São Petersburgo, o presidente Vladimir Putin se comprometeu a enviar de forma gratuita dezenas de milhares de toneladas de cereais para a África, apesar das sanções impostas pelo Ocidente. A invasão russa da Ucrânia está sendo um tema de destaque no encontro de dois dias, que conta com a participação de dezessete chefes de Estado e delegações de cinquenta países africanos.
A cúpula Rússia/África contará com a presença confirmada dos presidentes de Moçambique e Guiné-Bissau, enquanto Cabo Verde estará ausente. Angola será representada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e São Tomé e Príncipe pelo embaixador. Vladimir Putin busca o apoio ou neutralidade de alguns desses governos que dependem, em alguns casos exclusivamente, dos cereais russos. No entanto, o abastecimento foi comprometido devido à suspensão do acordo de exportação com a Ucrânia.
A Rússia enfrenta desafios em fortalecer sua presença econômica na África, com a maioria das exportações concentradas em poucos países. Apesar das promessas feitas em cimeiras anteriores, o comércio russo com o continente tem diminuído gradualmente, mostrando dificuldades em materializar acordos e expandir suas relações comerciais na região.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia destacou a importância desses dois países no abastecimento mundial de cereais, representando conjuntamente 27% das exportações do produto. Um relatório das Nações Unidas revela que 25 países africanos dependem das importações de trigo da Rússia ou da Ucrânia, sendo que 21 deles importam a maior parte do seu trigo da Rússia.
Entre 2018 e 2020, a África importou um total de 3,7 mil milhões de dólares em trigo da Rússia (32% do total das importações de trigo do continente) e outros 1,4 mil milhões de dólares da Ucrânia (12% das importações de trigo do continente).