RS: prejuízo com estiagem no campo já é de R$ 12 milhões
Maiores impactos estão no milho e no tabaco. Semeadura da soja está atrasada
O pesadelo da estiagem parece estar de volta no Rio Grande do Sul. Na safra 19/20 soja, milho, tabaco, gado leiteiro e outras culturas tiveram perdas significativas devido à falta de chuvas entre janeiro e março. Segundo relatório da Defesa Civil até maio 386 municípios gaúchos decretaram situação de emergência e os principais rios chegaram aos menores níveis.
Com a chegada da La Niña a tendência é sempre de menos chuva no Sul. A Defesa Civil gaúcha aponta que já são pelo menos 20 municípios em emergência. Em setembro o órgão já havia se reunido para avaliar os efeitos do fenômeno e apontado que “ a primavera deverá ser marcada por períodos de chuvas irregulares e abaixo da média, probabilidade de tempo seco com temperaturas elevadas".
A situação mais grave no Médio Alto Uruguai, onde moradores de municípios como Palmitinho e Frederico Westphalen já são abastecidos de água com caminhões-pipa. A região tem mais dez municípios que já decretaram emergência. O número deve crescer nos próximos dias pois muitos documentos ainda estão em análise.
E o penúltimo mês do ano deve seguir a tendência registrada em outubro, com poucas chuvas e bastante calor. Segundo o chefe da 7ª Coordenadoria Regional de Proteção e Defesa Civil (Crepdec), major Alexandre Moreira Pereira, não há previsão de melhora. “A temporada será de poucas chuvas, serão insuficientes para repor as reservas hídricas e terminar com a estiagem”, aponta.
Reflexos no campo
Os prejuízos na agricultura já ultrapassam os R$ 12 milhões. As lavouras de milho estão com folhas retorcidas e pouca espigas, com baixo nível de grãos. No tabaco folhas secam no pé e a soja está atrasada.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) as más condições climáticas em outubro, com estiagem em praticamente todo estado, limitaram o avanço da semeadura do milho, que chegou a 73% da área prevista. Muitos produtores aguardam a reposição da umidade do solo para dar prosseguimento às operações. No geral, 3% da área se encontra em germinação, 96% em desenvolvimento vegetativo e 1% em maturação.
Essa falta de chuvas já compromete o potencial produtivo do milho. Na Fronteira Oeste, Missões e Alto Uruguai, as lavouras já estão em fase crítica e estima-se que já haja perdas de 20% a 30% sobre a estimativa inicial. No Planalto Médio as lavouras tiveram umidade para germinar, mas depois tiveram a evolução comprometida. Nessa região estima-se 10% de perdas. Algumas áreas que poderiam ser cultivadas com milho podem
acabar sendo direcionadas para soja, caso a situação hídrica permaneça desfavorável, assim como possíveis áreas de safrinha.
A soja evoluiu muito pouco, com apenas 5% de semeadura até o final de outubro. Falta umidade para o plantio e germinação. Mas, segundo a Conab, ainda não há preocupação porque os produtores gaúchos costumam concentrar as atividades de implantação da lavoura em novembro.