Relatório confirma benefícios de transgênicos
O Brasil mantém sua posição de segundo país com a maior área plantada de transgênicos
Os cultivos geneticamente modificados ou GM ou ainda transgênicos começaram a surgir na década de 70, quando foi criada a técnica do DNA recombinante. Nos Estados Unidos, as culturas transgênicas foram liberadas, junto com as primeiras sementes, em 1995. A União Europeia liberou o plantio de batata e de milho transgênicos só a partir de janeiro de 2010. No Brasil foi em 1998.
O transgênico é um ser vivo (bactéria, animal ou planta) que contém material genético tirado de outras espécies, por meio de técnicas de engenharia genética, de forma a provocar o aparecimento de novas características.
A biotecnologia vai além de grandes culturas como soja, milho, algodão e canola. Já está sendo aplicada em alfafa (1,3 milhões de hectares), beterraba (473 mil hectares), cana-de-açúcar (20 mil hectares), mamão papaia (12 mil hectares), cártamo (3,5 mil hectares), batata (2.265 hectares), berinjela (1.931 hectares) e em abóbora, abacaxi e maçã (menos de 1 mil hectares). Nos Estados Unidos, um tipo de maçã, com característica de não escurecimento, foi aprovada para comercialização. Lá, já existe também batata geneticamente modificada que não escurece e é menos propensa a ficar machucada e desenvolver manchas pretas. O objetivo da introdução dessas características é diminuir o desperdício de alimentos.
Um relatório divulgado pelo Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia (ISAAA) destacou os benefícios socioeconômicos e ambientais da adoção de transgênicos pelo mundo nessas mais de duas décadas.
Os benefícios
Segundo o ISAAA entre os benefícios dos transgênicos está o aumento da produtividade, menor uso de defensivos químicos nas lavouras, conservação da biodiversidade, redução nas emissões de dióxido de carbono (CO2), um dos gases do efeito estufa, e geração de renda para os agricultores.
Em relação a produtividade, entre 1996 e 2018, houve incremento de 822 milhões de toneladas. No mesmo período as GM reduziram em 8,6% o uso de defensivos químicos nas lavouras. Esse índice significa que 776 mil toneladas de ingredientes ativos não foram aplicadas.
Os ganhos com produtividade fizeram com que 231 milhões de hectares de terra não precisassem ser usados para cultivo, fato que contribui para a conservação da biodiversidade. Somente em 2018, 23 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) deixaram de ser emitidas pela atividade agrícola mundial por conta do uso de transgênicos. O volume não liberado equivale ao que é produzido por 15,3 milhões de carros em um ano.
Os ganhos econômicos globais proporcionados pelas culturas GM de 1996 a 2018 totalizaram 224,9 bilhões de dólares, beneficiando mais de 17 milhões de agricultores, 95% dos quais vêm de países em desenvolvimento. No Brasil, os ganhos foram de 26,6 bilhões de dólares. "Economia de água e combustível e eficiência na produção de alimento são atributos dessas tecnologias que devem ser ressaltados. Ainda há um grande potencial de desenvolvimento de novos produtos que podem beneficiar não apenas o consumidor, mas, também, a sociedade como um todo", afirma Othon Abrahão, diretor de Biotecnologia da CropLife Brasil.
O avanço da soja
A oleaginosa é a cultura transgênica mais adotada no mundo. São 29 países, cerca de 48% da área total das culturas geneticamente modificadas ou 91,9 milhões de hectares.
Em 2019, de acordo com o ISAAA, o Brasil registrou 35,1 milhões de hectares de soja GM, superando em 15% a área dos Estados Unidos, de 30,43 milhões de hectares. Nos EUA, no ano passado, houve uma redução de 3,6 milhões de hectares de soja GM em comparação com 2018.
O milho ocupa a segunda posição, com 60,9 milhões de hectares. Em seguida, vem algodão, com 25,7 milhões de hectares, e canola, com 10,1 milhões de hectares. Em 2019, com base na área de cultivo global, 79% do algodão, 74% da soja, 31% do milho e 27% da canola corresponderam a culturas GM.
Brasil em segundo
O Brasil mantém sua posição de segundo país, depois dos EUA, com a maior área plantada de culturas transgênicas em 2019. São 52,8 milhões de hectares, um aumento de cerca de 1,6 milhão de hectares ou 3% em relação a 2018. Depois da soja, vem o milho, com 16,3 milhões de hectares. Na sequência, 1,4 milhão de hectares de algodão e cerca de 18 mil hectares de cana-de-açúcar.
Cinco países detêm 91% da área de cultivo biotecnológico global ou 172 milhões de hectares. São eles: EUA com 71,5 milhões de hectares, seguidos pelo Brasil (52,8 milhões de hectares), Argentina (24 milhões de hectares), Canadá (12,5 milhões de hectares) e Índia (11,9 milhões de hectares).
A área global de culturas transgênicas aumentou cerca de 112 vezes de 1996 para 2019. Saltou de 1,7 milhões para 190,4 milhões de hectares. No entanto, no ano passado, houve uma redução de 1,3 milhões de hectares ou 0,7%. O crescimento foi registrado no Vietnã (aumento de 86% no milho GM), Filipinas (aumento de 39% no milho GM) e Colômbia (aumento de 15% em milho e algodão GM).