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Rei do algodão vai expandir plantio em 50% para 2003/04



Ninguém duvida que 2003/04 é o ano da soja. Mas para a SLC Agrícola, maior produtora de algodão do Brasil e uma das maiores do mundo, 2003/04 é o ano do algodão. A empresa, de propriedade da família Schneider Logemann, vai manter a área cultivada com soja porém aumentará a de algodão em quase 50%, para 28,5 mil hectares. "Hoje o algodão é a cultura mais importante dentro do grupo", afirma Aldo Tisotti, assessor de mercado da agropecuária, que deve faturar R$ 240 milhões em 2003, o equivalente ao faturamento da Café Cacique ou da Teleceará Celular no ano passado.

A empresa, que está terminando de colher a safra 2002/03, já fechou contratos para exportar a safra que começa a ser plantada em outubro. "A rentabilidade da lavoura de algodão é extremamente atraente, e a tendência é de que a cultura só ganhe espaço nos próximos anos", diz Tisotti.

Estima-se que, no Centro-oeste, o cotonicultor tenha lucro médio de US$ 750 por hectare (R$ 2,1 mil), podendo chegar a US$ 1000 (R$ 2,8 mil), enquanto em culturas como a soja o ganho não passe de US$ 300 (R$ 840) por hectare plantado.

"O algodão é uma cultura rentável, porém só os grandes, capitalizados e extremamente tecnificados sobrevivem", diz Delano Gondim, gerente-geral da multinacional americana Continental Eagle, que fabrica maquinário para beneficiamento do algodão.

O custo de produção da lavoura é elevado: de US$ 1 mil a US$ 1,2 mil por hectare (R$ 2,8 mil a R$ 3,6 mil). E o manejo da lavoura tem que ser acompanhado de perto, já que nenhuma outra cultura é, potencialmente, alvo de 13 pragas. "Não é uma cultura para aventureiro. Só os profissionais sobrevivem", diz Gondim.

Em 1999, com o fim da sociedade entre a família Schneider Logemann e a fabricante de tratores John Deere, os Logemann apostar suas fichas no setor agropecuário. Para isso, compraram oito fazendas em cinco estados (RS, GO, MS, MT, MA). Em 2002/03, a área cultivada com algodão, soja, milho, café e outras culturas foi de 81,8 mil hectares. A meta para 2003/04 é ampliar a área em 14% e chegar a 93,2 mil hectares, transformando a empresa em uma das maiores empresas agrícolas do País e líder no plantio de algodão estando à frente, inclusive, do tradicional Grupo Maeda que, segundo estimativas, plantou 15 mil hectares de algodão na safra passada.

Outro fator que motivou a SLC a investir no algodão é a maior receptividade do mercado internacional à fibra brasileira. "Nos últimos anos, o Brasil evoluiu tanto em qualidade que hoje nosso algodão é comparável ao produzido na Austrália, país reconhecido pela excelência e qualidade", diz Tisotti.

E foi justamente em cima da Austrália que o Brasil ganhou mercado. A chance veio no ano passado, quando a Austrália, grande produtor e exportador mundial, foi atingida por prolongada estiagem provocada pelo fenômeno El Niño.

O brasileiro aproveitou o vácuo no mercado para vender o seu algodão lá fora. Para isso, financiou, com recursos próprios, a vinda de compradores estrangeiros. O último deles, composto por 21 representantes de indústrias da Alemanha, China, Coréia e Indonésia, passou uma semana visitando algodoeiras, centros de pesquisa e controle de qualidade do Mato Grosso. O grupo visitou três fazendas consideradas padrão. Uma delas era a dos Logemann. "Queremos mostrar que a produção brasileira amadureceu: temos qualidade e podemos garantir continuidade de fornecimento pelos próximos anos", diz Tisotti.

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