Região Centro-Oeste é a principal produtora de grãos do País

A região Centro-Oeste ultrapassará o Sul na produção de grãos em 2005 pela primeira vez na história. O gerente do levantamento de safra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Neuton Rocha, disse que os problemas climáticos no Rio Grande do Sul e no Paraná levarão a Região Sul a uma queda, também histórica, de 20% na safra agrícola em 2005, na comparação com o ano passado. Em contrapartida, o Centro-Oeste terá aumento de 5,71% no desempenho deste ano e responderá por 37% da produção nacional.

Segundo Neuton Rocha, o essencial para que o Centro-Oeste assumisse a mudança foi o aumento de 14% na produção do Mato Grosso. Goiás contribui de forma mais contida, pois apenas manteve quantidade produzida ano passado. Além disso, houve um ligeiro decréscimo na produção goiana, de 0,28%. Em 2004, Goiás colheu 11,366 milhões de toneladas, enquanto este ano a produção foi de 11,3 milhões.

A “virada” regional no ranking levou o Mato Grosso, com fatia de 21,94% da safra, a ultrapassar, também pela primeira vez, o Paraná, com 19,63%, na safra nacional de grãos. Segundo Rocha, a mudança estrutural na participação regional na safra brasileira já era esperada. Mas seria um movimento lento, já que o Centro-Oeste poderá expandir sua colheita com tecnologia e aumento de área, enquanto o Sul não tem como ampliar a área plantada e, por isso, só poderá aumentar a produção com auxílio de tecnologia. No entanto, segundo ele, não se esperava a mudança “atípica” já neste ano.

O assessor técnico da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), Pedro Arantes, também diz que a liderança da produção de grãos pelo Centro-Oeste era esperada apenas a médio prazo, ou seja dentro de dois a três anos. Pedro afirma que as perspectivas para este ano eram boas, mas as intempéries climáticas foram um desastre para a culturas em alguns Estados.

Pedro relata que o Rio Grande do Sul teve quebra de safra, Goiás perdeu uma pequena parte da produção, assim como o Tocantins, e o Mato Grosso não teve perda nenhuma. Ao contrário, teve crescimento. O assessor técnico da Faeg destaca que nos próximos anos o Centro-Oeste vai assumir de vez a liderança na produção de grãos e da pecuária do País. “Além de líderes, vamos expandir mais e mais a cada ano, pois temos espaço e tecnologia para essa expansão.”

Pedro garante que, se o governo federal não tomar medidas urgentes, pouco vai adiantar a expansão da safra nacional. Segundo ele, o País não tem infra-estrutura para suportar e escoar a produção. “São necessárias no mínimo três ferrovias para que a colheita nacional chegue ao seu destino final.”