Rebanho bovino supera a população humana em 15%
Com um crescimento de 4,3%, o número de cabeças de gado chegou a impressionantes 234,4 milhões
Em 2022, o rebanho bovino experimentou um aumento pelo quarto ano consecutivo e alcançou um novo marco na série histórica, de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com um crescimento de 4,3%, o número de cabeças de gado chegou a impressionantes 234,4 milhões.
A analista da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), Mariana Oliveira, explicou que esse aumento contínuo na produção de bovinos desde 2019 está relacionado aos preços atrativos da arroba e do bezerro vivo. Esse cenário levou a um processo de retenção de fêmeas para reprodução, contribuindo para o crescimento constante. No entanto, Mariana observa que, em 2022, houve um aumento no abate de fêmeas, indicando uma possível estabilização dos preços.
Todos os efetivos de animais apresentaram crescimento, com exceção das codornas, que registraram uma queda de 8,2%. Os rebanhos de bovinos e suínos cresceram 4,3% cada, enquanto o de bubalinos aumentou 3,0%. Outros animais, como equinos (0,9%), caprinos (3,9%), ovinos (4,7%), galináceos (3,8%) e galinhas (2,4%), também apresentaram aumentos significativos. Além disso, houve recordes nas produções de mel, com um crescimento de 9,5%, e de ovos de galinha, com um aumento de 1,3%.
Mariana Oliveira destacou que a exportação de produtos pecuários, particularmente carnes, se tornou uma alternativa importante devido à demanda interna enfraquecida e ao poder de compra reduzido da população. As exportações alcançaram níveis recordes, e a China consolidou-se como um mercado crucial para carnes, incluindo frangos, suínos e bovinos.
Em relação à distribuição regional, o rebanho bovino cresceu em todas as Grandes Regiões do país em 2022. Mato Grosso liderou com 34,2 milhões de cabeças, representando 14,6% do efetivo nacional, seguido pelo Pará (10,6%) e Goiás (10,4%). No âmbito municipal, São Félix do Xingu (PA) manteve sua liderança com 2,5 milhões de cabeças.
O valor da produção pecuária também teve um aumento notável, atingindo R$ 116,3 bilhões, um incremento de 17,5%. A produção de leite representou a maior parte desse valor, com 68,8%, seguida pela produção de ovos de galinha, com 22,4%. Santa Maria de Jetibá (ES) liderou o ranking municipal de valor da produção, com R$ 1,6 bilhão, principalmente devido à venda de ovos de galinha. Castro (PR) ficou em segundo lugar, com R$ 1,2 bilhão, predominantemente proveniente da produção de leite.
No entanto, a produção de leite experimentou uma diminuição de 1,6%, refletindo uma tendência de queda desde 2020 devido aos altos custos e redução nas margens. A analista ressaltou que a produção de leite pode estar sofrendo com o desinvestimento, visto que produtores estão migrando para a produção de grãos, como a soja, devido aos preços favoráveis nos últimos anos. Por outro lado, os preços do leite subiram 19,7%, atingindo o maior valor da série, o que resultou em um aumento de 17,7% no valor da produção de leite, totalizando R$ 80,0 bilhões.
A criação de suínos também aumentou 4,3% em 2022, alcançando o recorde de 44,4 milhões de animais, impulsionada pela Peste Suína Africana na China e pela crescente demanda interna. O efetivo de galináceos, que inclui frangos, registrou um crescimento de 3,8%, atingindo o recorde de 1,6 bilhão de animais. O Brasil continua sendo o maior exportador mundial de frangos.
Além disso, a produção de ovos de galinha aumentou 1,3%, atingindo um novo recorde de 4,9 bilhões de dúzias. O ovo, que já foi considerado prejudicial à saúde, agora é reconhecido como um alimento saudável e acessível.
A piscicultura e a criação de camarões também registraram recordes de produção e valor, com a produção nacional de peixes atingindo 617,3 mil toneladas e um valor de produção total de R$ 5,7 bilhões. A tilápia representou a maior parte da produção de peixes. A criação de camarões atingiu 113,3 mil toneladas, com um aumento de 5,9% em relação ao ano anterior.
Em resumo, o cenário da pecuária no Brasil em 2022 foi marcado por um aumento substancial no rebanho bovino e em outros animais, bem como por recordes na produção e no valor da produção de diversos produtos pecuários, incluindo leite, carne suína, frango, ovos de galinha, peixes e camarões. O setor enfrentou desafios, como o desinvestimento na produção de leite, mas se beneficiou de preços atrativos e da demanda internacional por produtos pecuários brasileiros.
O levantamento foi feito pelo IBGE.