Queda de pH em silagem: avanço na conservação de pastagens na Amazônia
Ensilagem é uma técnica que permite armazenar o excedente de pastagem
Estudos recentes realizados na Amazônia destacam a silagem de capins tropicais como uma alternativa estratégica para a pecuária local, especialmente em períodos de estiagem. Pesquisas conduzidas pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), em parceria com a Embrapa Gado de Corte, revelaram que a Brachiaria híbrida Mavuno apresentou uma queda mais rápida no pH durante o início do processo de fermentação, favorecendo a conservação da forragem.
A ensilagem é uma técnica que permite armazenar o excedente de pastagem, mantendo sua qualidade nutricional. Segundo o professor Dr. Thiago Carvalho da Silva, especialista em Forragicultura e Pastagens da UFRA, a prática é promissora para regiões amazônicas, mas exige ajustes específicos no manejo. "Não podemos replicar diretamente os métodos do Centro-Oeste. Cada região da Amazônia demanda validações próprias", explica.
Um estudo inédito conduzido na Fazenda Escola de Igarapé-Açú, no Pará, analisou sete cultivares dos gêneros Megathyrsus (Syn. Panicum) e Urochloa (Syn. Brachiaria) ao longo de dois anos. Os resultados mostraram que o Mavuno não apenas alcançou alta produtividade em massa seca, mas também apresentou uma queda de pH para 4,8 já nos primeiros cinco dias de fermentação – um indicador de eficiência no processo de conservação da forragem.
De acordo com Silva, a rápida acidificação pode estar ligada a maiores níveis de carboidratos solúveis no capim, aspecto que será investigado em estudos futuros. "Quanto mais rápida a redução do pH, melhor é a conservação da silagem, garantindo mais qualidade e durabilidade ao alimento", afirma o pesquisador.
Além disso, os resultados reforçam o potencial da silagem como uma prática sustentável, permitindo à pecuária aumentar a produtividade sem a necessidade de expansão de áreas. "A conservação de pastagens é essencial para produzir mais na mesma área, unindo rentabilidade e sustentabilidade", conclui Edson de Castro Junior, coordenador técnico envolvido no projeto.