Quebra na safra aumenta expectativa do fumicultor com venda
Com a estiagem, as perdas até agora já chegam a 30% no estado
A cada ano, o fumicultor, ao efetuar o plantio do tabaco, vive a expectativa de colher uma safra cheia, o que infelizmente este ano, não vai se confirmar. E os motivos principais são o excesso de chuvas verificado entre os meses de agosto e outubro e agora, a falta. Porém, como a estiagem que está presente desde o dia 5 de dezembro vem causando uma acentuada queda na produção, os fumicultores vivem a expectativa de uma boa comercialização na hora da venda.
É o caso da Família Kist, da Linha Hansel, que nesta safra plantou 170 mil pés e cuja colheita encerrou no dia 26 de dezembro. Assim como os demais fumicultores, Kist espera que as indústrias pelo menos comprem o tabaco dentro da classe e paguem um preço acima do índice pleiteado pelas entidades representativas da categoria. “Nenhum fumicultor merece vender mal já na primeira entrega e, como a situação na agricultura não está bem, vendendo mal, vai piorar ainda mais”, observa. O produtor acrescenta que além da quebra na safra de tabaco, também vem enfrentando sérios problemas com o milho da safra e da safrinha que em função da estiagem não está se desenvolvendo normalmente, pois o cereal também é uma agregação de renda da família. Kist estima ainda que já há perdas instaladas nas frutíferas e em outras culturas, como as hortaliças.
Kist, que desenvolve a atividade com a esposa Claudete e o filho Marcelo, conta que como plantou o tabaco cedo, este não sofreu com a ausência da chuva dos últimos meses, e sim, teve sérias perdas nas apanhas baixeiras com o excesso de chuvas, pois o produto chegou a apodrecer dentro das estufas durante o processo da cura e da secagem, sem levar em conta que a qualidade é muito ruim.
Com as tabacaleiras vão abrir a compra a partir da próxima segunda-feira, 13, Kist está preparando o tabaco para a venda. Porém, a estiagem prejudica e faz com que a umidade que o tabaco tem na pilha, seque assim que for fazer a classificação.
“A situação na agricultura não está muito boa e se as empresas não comprarem bem o nosso produto, vai piorar ainda mais.”
PERDAS
A primeira estimativa de quebra realizada pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) no fim do mês de outubro em função do excesso de chuvas era de 16% no Rio Grande do Sul, contrário de Santa Catarina e Paraná, que registram aumento de produção e isto ocorre porque estes estados tiveram uma melhor distribuição das chuvas. “Acreditamos que com a estiagem, as perdas até agora já chegam a 30% no estado. É uma quebra muito grande e o que mais causa temor é que a estiagem sempre traz um produto de qualidade inferior se comparada ao excesso de chuva, que não traz tanto prejuízo ao produtor em questão de qualidade”, salienta o presidente da Afubra, Benício Werner.
PREÇO
Quanto a possibilidade da quebra na produção trazer algum reflexo no preço, Werner observa que sempre quando a oferta é menor do que a demanda, ela determina um preço médio pelas indústrias maior do que quando se tem uma oferta maior do que a demanda. “Porém, infelizmente vão faltar aqueles quilos em função da quebra de safra e certamente não vai compensar o preço médio maior com a perda de quilos que o produtor vai ter”, frisa.