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Qual a relação do sistema produtivo da pecuária e o aquecimento global

Brasil: 69,0% do total do metano é produzido pela pecuária



O aquecimento global, já amplamente discutido, é um fenômeno natural e necessário para manutenção da vida, e que leva ao aumento da temperatura média global devido ao aumento da concentração dos gases na atmosfera terrestre.

Esses gases, denominados, do efeito estufa, impedem a dissipação da radiação infravermelha que chega à atmosfera terrestre. Os principais gases envolvidos nesse fenômeno são: vapor de água, dióxido de carbono, metano e óxido nitroso.

Devido à industrialização, crescimento populacional, mudança no uso da terra e outros motivos, a concentração dos gases de efeito estufa tem aumentado na atmosfera.

A emissão de metano no Brasil estima-se, representa 11,0% dos gases de efeito estufa, sendo que 69,0% do total do metano é produzido pela pecuária. A pecuária brasileira é realizada, em grande parte, em pasto, com baixos índices zootécnicos.

A emissão de metano é da ordem de 9,4 milhões de toneladas por ano, e o poder desse gás de absorver radiação é 23 vezes maior que o do gás carbônico, segundo o IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Changes).

A produção de metano pelos ruminantes é um processo bioquímico que ocorre no rúmen durante a fermentação do alimento, resultando na produção de ácidos graxos voláteis, que são fontes de energia para o animal, levando à produção de hidrogênio que será removido do rúmen na forma de metano.

Deve-se lembrar de que ruminantes são animais que conseguem transformar fibras de baixa qualidade, como celulose e hemicelulose em um alimento nutritivo e com bom perfil aminoacídico que é a carne bovina, além dos subprodutos, como couro, sebo e ossos entre outros.

As pastagens também têm importância, pois quando manejada corretamente pode armazenar grandes quantidades de carbono, podendo ser superior à quantidade de carbono armazenada por áreas de vegetação nativa.

Diversas atitudes podem ser tomadas para anular a emissão de metano pelos bovinos. Um dos principais fatores seria o manejo correto da pastagem e recuperação de áreas degradadas, obtendo um volumoso de melhor qualidade, com maior potencial de reter carbono e podendo, assim, alojar mais cabeças por área.

Na nutrição existem alimentos que podem diminuir a emissão de metano como: ionóforos, óleos, gorduras e saponinas, entre outros. O balanço entre acetato, butirato e propionato pode modificar a produção de metano, favorecendo a produção de propionato e resultando na redução da emissão do gás.

A suplementação é favorável à redução da produção de metano, pois resulta em uma alimentação mais balanceada e em uma menor idade de abate e idade ao primeiro parto.

A utilização de sistemas integrados, por sua vez, une diversas atividades, proporcionando um melhor aproveitamento do gás emitido no sistema como um todo.

As medidas mais racionais são as que buscam um sistema produtivo eficiente, resultando em melhores índices zootécnicos que diluam a produção de metano pela produção do produto final.

A pecuária é uma atividade essencial para a economia brasileira, sendo a emissão de metano inevitável. Assim, o melhor caminho a ser seguido passa pela maior eficiência dos sistemas de produção.

Colaborou Fernando Gíglio, zootecnista em treinamento pela Scot Consultoria.
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