Quais ações do agro podem ser impactadas por Milei?

A vitória de Javier Milei, um libertário de extrema direita, nas eleições na Argentina está no foco dos mercados, levando bancos e analistas a avaliar o impacto potencial em diversos ativos. O BTG Pactual (BPAC11) elaborou um relatório indicando que, se a proposta de dolarização da economia for adiante, o peso argentino pode sofrer significativa desvalorização, afetando a taxa de inflação, a renda dos argentinos e os custos das empresas.

A preocupação central reside no ajuste fiscal, já que os dólares necessários para o governo argentino provêm de setores exportadores, como energia e agronegócio, que enfrentam altas taxas tributárias na exportação. Por exemplo, a soja está sujeita a um imposto de 33% sobre as receitas de exportação. O BTG acredita que a abordagem do novo governo indica uma intenção de reduzir as distorções de preços ao longo do tempo, possivelmente resultando em modificações nos impostos e nos controles sobre o fluxo comercial.

O novo governo na Argentina pode ter impactos significativos em três empresas específicas. No caso da Ambev (ABEV3), a depreciação do peso argentino pode resultar em um impacto de 7% no Ebitda, dado que o país representa 60% do Ebitda da empresa na América Latina. A redução dos hedges no país pode acelerar esse impacto decorrente da desvalorização cambial. Quanto à Raízen (RAIZ4), a empresa pode enfrentar impactos negativos relacionados ao câmbio, com a possibilidade de uma queda de 7% no Ebitda consolidado se o câmbio convergir com a "taxa do dólar azul". A atenção também está voltada para a política de preços de combustíveis.

No caso da Minerva Foods (BEEF3), o fim das restrições às exportações na Argentina pode abrir oportunidades para que a empresa alcance o potencial total da carne bovina no país. Com 17% de sua capacidade de abate na Argentina, o levantamento das restrições pode beneficiar significativamente a produção e as vendas no mercado internacional.