Projeto europeu faz fertilizantes com bioresíduos
Atualmente, até 75% dos biorresíduos urbanos na UE são incinerados ou depositados em aterros
Um projeto financiado pela União Europeia, conhecido como Deep Purple, alcançou um marco importante na agricultura ao desenvolver um fertilizante feito a partir de biorresíduos e águas residuais. Esse fertilizante libera nutrientes gradualmente no solo, tornando-o mais eficaz para o cultivo.
Em 2019, uma colaboração entre diversos parceiros europeus resultou na criação de uma plataforma multibiorrefinaria. Essa plataforma visa valorizar a fração orgânica dos biorresíduos municipais e das águas residuais domésticas, aproveitando assim recursos renováveis e promovendo uma economia circular. Atualmente, até 75% dos biorresíduos urbanos na UE são incinerados ou depositados em aterros, o que acarreta em custos ambientais e econômicos significativos.
No cerne desse esforço está a plataforma de biomassa, destacando-se a primeira biorrefinaria fotobiorreator desse tipo, localizada na estação de tratamento de águas residuais de Linares, em Jaén, Espanha. Operada pela Aqualia e de propriedade da Câmara Municipal de Linares, essa instalação inovadora utiliza bactérias fototróficas roxas para converter luz solar e produtos orgânicos dos resíduos em uma biomassa enriquecida, rica em nutrientes. Essa biomassa serve como base para a produção do biofertilizante de liberação lenta.
A AII-RG (Roullier), sediada em Saint-Malo, França, liderou o desenvolvimento do biofertilizante. Utilizando um revestimento biodegradável especial composto por polihidroxialcanoatos (PHA) e nanofibras de celulose (CNF), derivadas das próprias plataformas de biomassa e celulose, o fertilizante foi projetado para liberar seus nutrientes gradualmente no solo. Os parceiros ACTIVATEC e ITENE desempenharam papéis importantes na extração de PHA e no desenvolvimento do revestimento, enquanto a AII-RG testou o biofertilizante com sucesso em uma planta piloto industrial e em escala de demonstração.