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Projeto auxilia produção de algodão agroecológico

Atividade iniciada na UFMT alcança indústria têxtil



Foto: Divulgação

Com apoio da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), doze propriedades de agricultura familiar da baixada cuiabana estão produzindo algodão agroecológico para a indústria têxtil brasileira. A ação é resultado de uma pesquisa-ação do Centro Vocacional Tecnológico em Agroecologia (CVT/Agroeco), projeto da Faculdade de Agronomia e Zootecnia (Faaz). A colheita desta safra já teve início e a previsão de término é em setembro.

A pesquisa iniciou em 2023, a partir de uma parceria com a Farfarm, empresa que auxilia na criação e desenvolvimento da cadeia produtiva do algodão, ligando produtores com a indústria e garantindo a entrega de algodão sustentável de qualidade.

O primeiro passo foi a implantação de uma unidade modelo na Fazenda Experimental da UFMT, em Santo Antônio de Leverger. Nesta Floresta de Algodão, além do uso de práticas sustentáveis e ecológicas para produção da matéria-prima, há uma diversidade de culturas integradas, visando a qualidade de alimentação, complementação da renda, saúde do solo e sustentabilidade a longo prazo da produção.

Após a colheita de aproximadamente uma tonelada de algodão em 2023, a Universidade buscou parceiros entre duas comunidades rurais da baixada cuiabana para participarem do projeto, oferecendo capacitação e acompanhamento durante a produção.

De acordo com o coordenador do projeto e do CVT/Agroeco, professor Henderson Nobre, o Brasil está entre os cinco maiores produtores mundiais de algodão e Mato Grosso é o segundo maior produtor entre os estados brasileiros, entretanto menos de 1% desse algodão é orgânico, ainda que haja uma demanda grande para ele.

“Então para os agricultores, esse projeto vai aumentar a renda, incluindo eles em uma cadeia produtiva de demanda nacional e internacional, ao mesmo tempo em que promove sua segurança alimentar e melhora a sustentabilidade ambiental de suas práticas”, apontou.

Uma das proprietárias envolvidas, Bianca Machado, do assentamento Zé da Paes, em Acorizal, complementa a perspectiva do professor: “conhecemos o sistema agroflorestal através do projeto da UFMT e gostamos da alternativa. Ela nos permite o plantio de uma grande variedade de cultura em um mesmo espaço, otimizando custo e espaço”.

Já para a Indústria, de acordo com o pesquisador, a estruturação desta cadeia produtiva representa a possibilidade de produzir peças com fibras responsáveis, deixando um impacto positivo, regenerando a natureza e contribuindo para o desenvolvimento social.

“Uma plantação em Sistema Agroflorestal é caracterizada pela integração de árvores e cultivos em uma mesma área, com uso de tecnologias de baixo carbono, promovendo a biodiversidade e a sustentabilidade”.

No cultivo convencional, o plantio é realizado na maioria das vezes em monocultura, sem diversidade e com excessiva utilização de fertilizantes químicos e pesticidas.

“Nessas plantações, além da diversidade para oferta de alimentos, há uma variedade de benefícios para o meio-ambiente e para a produção, como melhoria do solo, controle de pragas e doenças, conservação de água e aumento da biodiversidade”.

Além da grande produção alcançada pela unidade modelo da Fazenda Experimental, a experiência de 2023 permitiu identificar o melhor desenho da agrofloresta, as melhores formas de manejo para as condições do território da Baixada Cuiabana e a realização de diferentes projetos de pesquisa, como a tese de doutorado do Rafael Laranja que é sobre o tema da produção de algodão agroflorestal.

“Pudemos perceber que os indicadores ambientais tiveram ganhos efetivos num curto período de tempo e também que os indicadores produtivos demonstraram, ainda que preliminarmente, índices superiores às regiões tradicionalmente produtoras deste tipo de algodão, no Nordeste”, afirmou Rafael.

“Nós vimos já uma melhoria no solo, a produção de alimentos saudáveis para consumo e venda do excedente, além de termos otimizado o uso de insumos externos e controles a partir de bioinsumos, como aprendemos nas oficinas”, completou Bianca.

De acordo com o professor Henderson, o projeto Floresta de Algodão tem como visão de futuro desenvolver e consolidar a cadeia produtiva do algodão agroecológico, expandindo e inserindo mais agricultores familiares.

E é essa também a expectativa da Bianca e seus colegas agricultores. “Esperamos que esse projeto cresça e que possamos prosperar nessa parceria, pois queremos nos adaptar a essas alternativas e tornar o nosso sítio auto-sustentável”, concluiu.

Além desta, o CVT/Agroeco atua em frentes em mais de 10 municípios da Baixada Cuiabana, e ao longo de seus 5 anos já construiu cerca de 50 unidades de referência em Sistemas Agroflorestais junto ao público da Agricultura Familiar, Povos e Comunidades Tradicionais, além de ser o organizador da ECOFEIRA na UFMT. 

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