Produtores rurais do Paraná declaram guerra à saúva
A secretaria de Agricultura de Umuarama comprou máquinas para matar as formigas saúvas
Duas máquinas utilizadas para matar formigas saúvas, conhecidas como cortadeiras, foram compradas pela equipe da Secretaria da Agricultura de Umuarama (PR). Os equipamentos, que custaram R$ 7,2 mil, estão sendo emprestados para as associações de produtores rurais do município. As treze associações farão um rodízio para utilizar as máquinas. De acordo com o coordenador de Desenvolvimento Econômico, Carlos Alberto Pimentel, o investimento foi necessário para ajudar os proprietários rurais a combater uma infestação dos insetos.
Depois de amenizar o problema no campo, os equipamentos serão usados em canteiros centrais e praças de Umuarama, onde focos da formiga foram detectados.
As treze associações de produtores de Umuarama farão um sistema de rodízio para utilizar as máquinas. Conforme Pimentel, o trabalho de erradicação será feito em conjunto com os produtores rurais. “O município comprou as máquinas e os produtores entram na parceria custeando a mão de obra e o veneno.
Depois que o trabalho no campo estiver concluído, nós utilizaremos as máquinas para pulverizar focos da formiga cortadeira que se formaram em canteiros centrais e praças da cidade”, adiantou Pimentel.
Para aprender a utilizar os equipamentos, funcionários das propriedades rurais e da Prefeitura participaram do Curso de Combate da Formiga Cortadeira.
O curso foi promovido pela Prefeitura e pelo Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). “As máquinas não só irão atender os pequenos, como os médios e grandes produtores rurais”, comunicou.
Segundo informações do chefe de Divisão da Secretaria da Agricultura, Cícero Laurentino, o problema com a infestação de saúvas deve se combatido de imediato. “De acordo com estudos de especialistas, um formigueiro grande chega a consumir por dia a mesma quantidade de grama que um boi. Além disso, uma formiga rainha chega a voar até 12 quilômetros para começar um outro formigueiro”, informou.
Estrutura de um formigueiro
O sauveiro comum, como o da Saúva Limão e da Saúva Cabeça-de-Vidro, é denunciado pelo monte de terra solta. À medida que os olheiros são abertos, a terra proveniente do interior do solo é depositada na superfície.
Abaixo do solo, na projeção da terra solta, é encontrando as ‘panelas vivas’, ou seja, as câmaras de cultivo de fungo, onde são criadas as larvas, as pupas, havendo ali grande movimente de operárias. Logicamente, o combate clássico a esse tipo de saúva deve-se concentrar nos olheiros existentes na zona de terra solta que indica a sede viva do sauveiro. Convém esclarecer que, tanto a Saúva Limão como a Saúva Cabeça-de-vidro têm preferência de alimentar por plantas de folhas largas.
A saúva Cabeça-de-vidro ataca também as plantas de folhas estreitas, mas em pequena proporção. Saúva Amarela ataca quase que exclusivamente as gramíneas que também constituem as pastagens. Saúva dos Pastos - Apresenta peculariedades na estrutura do seu formigueiro e também no hábito de cortar capins. Quanto ao corte de vegetais prefere ela as gramíneas.
O seu sauveiro possui, também, o monte de terra solta, porém ele não representa a zona viva do formigueiro nem zona de combate, pois é justamente onde se encontra a zona morta, constituída por dezenas de câmaras de enormes proporções, contendo lixo formado por formigas mortas e capim que já serviu de alimento ao fungo. Enquanto que, na estrutura dos sauveiros das saúvas comuns, as câmaras com fungo estão concentradas numa região mais definida.
Pequenas, que causam uns prejuízos vultuosos
As formigas saúvas, cortando fôlhas de plantas, inclusive as cultivadas, causam perdas econômicas vultosas à agricultura e à pecuária, porque diminuem ou aniquilam a produção ao cortar plantas como a mandioca, milho, frutas diversas, algodão, plantas de jardim como a roseira, os eucaliptos e também as pastagens, sendo que nestas, dada a séria concorrência com o boi na procura e corte da pastaria, elas indiretamente promovem sensível redução na engorda do gado e na produção do leite.
Em regiões de agricultura adiantada, as espécies: Saúva Limão, Saúva Limão Sulina, Saúva Cabeça de Vidro e Saúva Amarela são combatidas permanentemente e dessa forma deixam de constituir problema. Todavia, se assim, não se proceder levam elas a metade ou mais da produção, tornando anti-econômica a exploração do solo. O rebaixamento do leito das estradas, o desabamento de prédios em cujos alicerces estão localizadas as ‘panelas’ do sauveiros, também são alguns dos numerosos prejuízos que a saúva causa. Em 1958, portanto, estimou-se que os prejuízos causados pelas formigas saúvas atingiram o montante de 12 bilhões de cruzeiros velhos em todo o Brasil.
Dentro do formigueiro
A saúva é um inseto social e vive em colônias onde existem castas ou diferenciações morfológicas, tendo cada uma delas uma função específica. A tanajura ou rainha é a fêmea e se destaca das demais pelo seu porte. Sua função é pôr ovos para a multiplicação da espécie e povoamento do sauveiro. Portanto, a rainha é a mãe e responsável pela progênie.
Já as formigas operárias, que são estéreis, isto é, assexuadas, se classificam em grandes, médias e pequenas. As operárias grandes são os soldados da colônia, encarregados da vigilância e proteção do sauveiro contra os inimigos eventuais. Distinguem-se facilmente das demais pelo seu porte maior e pelas mandíbulas desenvolvidas na grande cabeça. Já as operárias médias são as cortadeiras e encarregadas do transporte de folhas. Para as operárias pequenas sobrou a função de jardineiras encarregadas do cultivo do fungo.