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Produtores paraenses conhecem as novas cultivares de feijão-caupi

O Dia de Campo foi realizado no município de Tracuateua, região Nordeste do Pará



Foto: Canva

Produtores de sementes, técnicos e gestores públicos da área de agricultura de municípios paraenses conheceram as quatro novas cultivares de feijão-caupi desenvolvidas pela Embrapa, na última quarta-feira (15/02), em Dia de Campo realizado no município de Tracuateua, região Nordeste do Pará. O evento marcou a abertura do edital de oferta pública que vai licenciar produtores para produzir e comercializar as sementes dos novos materiais.

As cultivares BRS Bené (grãos marrons), BRS Guirá (grãos pretos), BRS Utinga (grãos brancos) e BRS Natalina (tipo “manteiguinha”) têm potencial produtivo superior às tradicionais atualmente cultivadas no estado do Pará; porte ereto e semi ereto, facilitando tanto a colheita manual quanto mecanizada; e excelente qualidade de grão, como afirma o pesquisador Francisco Freire Filho, da Embrapa Amazônia Oriental. 

“Elas apresentam diferentes apelos comerciais. A BRS Bené, por exemplo, tem o grão marrom graúdo, que é a preferência do consumidor paraense. A BRS Utinga, de tegumento branco rugoso, atende ao mercado de grãos na região Nordeste do estado. A BRS Guirá é a primeira cultivar de caupi de grãos pretos recomendada para o produtor paraense. E tem o feijão manteiguinha, que é a BRS Natalina, consumido em praticamente todo o estado e também no estado do Amapá”, analisa o pesquisador.

Retomada na produção paraense 
As novas cultivares foram desenvolvidas na área do empresário rural e agricultor Benedito Dutra, parceiro da Embrapa Amazônia Oriental. Para ele, o feijão-caupi tem potencial para atender tanto a agricultura familiar quanto a empresarial. "A pesquisa fez seu papel até aqui, que é desenvolver o material genético. Agora cabe a nós, produtores e gestores públicos, levarmos essa tecnologia ao agricultor paraense", afirma. 

Ele conta que a  área com caupi nos municípios de Bragança, Tracuateua,  Augusto Corrêa e Viseu que chegou a superar 10 mil hectares em 2008, não passou de dois mil hectares na safra de 2022. “As novas cultivares vão permitir ao produtor a retomada da produção de caupi na região Bragantina, no Nordeste do Pará”, afirma Dutra.

Nos últimos dez anos, a produção paraense de feijão sofreu uma queda de cerca de 40%, ficando em 21 mil toneladas na safra de 2021/2022. Desse total, 19 mil toneladas são de grãos de feijão-caupi, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O pesquisador Rui Alberto Gomes destaca que a qualidade de grãos das novas variedades é muito ajustada ao mercado consumidor. Ele ressalta ainda que os ciclos médio e precoce das novas cultivares, de 70 a 75 dias, é um diferencial importante para a utilização na safrinha de grãos no estado do Pará. “As novas cultivares têm ciclo aproximadamente um mês mais curto que as cultivares mais precoces de milho. Então é uma boa opção para a safrinha, para complementar a cultura do milho, principalmente em condições com pouca disponibilidade de água”, acrescenta.

O agricultor Francisco Douglas Cunha, que trabalha há 30 anos com feijão-caupi no município de Augusto Corrêa, acredita que os novos materiais vão fortalecer a agricultura na região Nordeste Paraense, pois atendem diretamente à demanda dos produtores. “Cada material tem sua vantagem. Os grãos da cultivar marrom demoram a escurecer e essa condição é muito importante para o produtor, pois normalmente a gente é obrigado a vender logo depois que colhe”, exemplifica Douglas. Para ele, o maior desafio atualmente é superar o estado do Mato Grosso, que é o maior produtor de caupi do país.

Contrato de exploração comercial

Os produtores de sementes interessados em produzir e comercializar as sementes devem cumprir os requisitos estabelecidos no edital, estar inscritos no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem), do Ministério da Agricultura e Pecuária, e manifestar interesse até 17h do dia 14 de março de 2023, pelo e-mail [email protected]

O sementeiro selecionado passa a ter um contrato de exploração comercial dos materiais desenvolvidos pela Embrapa. “Isso traz muita segurança para quem vende e quem compra o material genético com a marca Embrapa. Traz segurança sobre a origem dessa semente e do desempenho no campo”, conclui o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, Bruno Giovany de Maria, da Embrapa Amazônia Oriental.

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