Cerca da metade da produção mundial de grapefruit é colhida em uma tira de terra, ao longo da costa oriental da Flórida. Mas Nathan Valleck, 79 anos, não come o Citrus paradisi, a toronja, com medo que não faça bem à sua saúde.
Valleck, um comprador de produtos de supermercado, hoje aposentado, não gosta de comer grapefruit desde que leu que poderia potencializar as medicações que o médico lhe prescreveu. Ele toma comprimidos para a pressão e, embora o médico não o tenha aconselhado a evitar o grapefruit, diz que prefere ter certeza do que come. "Eu deixo de comer", afirma.
Mesmo na região mais propícia para a produção do grapefruit, as perspectivas para a fruta não são das melhores. A queda das vendas reduziu a produção na Flórida a seu nível mais baixo em quase uma década. As crianças nunca foram particularmente amantes desta fruta, e muitos pais atarefados acham que prepará-la toma muito tempo além de fazer sujeira. O pior é que alguns dos consumidores mais leais à toronja, os velhos, ficam assustados com as notícias segundo as quais, se misturada com drogas normalmente prescritas pode potencializar o efeito de remédios, causar dor nos músculos, dores de cabeça e outros problemas.
"Estamos sob fogo cruzado", diz Daniel Richey, um dos 12 comissários de cítricos da Flórida, representantes do setor que supervisionam as iniciativas oficiais para aumentar as vendas do produto. Cerca de um terço dos produtores de grapefruit do estado saiu do ramo na década passada. Atualmente, cerca de 1.100 produtores cultivam a fruta. Richey afirma que não tem lucro há sete anos com sua produção nos Estados Unidos.
Daí a campanha, impulsionada por Richery e outros, para recuperar a imagem do que muitos chegaram a considerar uma fruta proibida. Sua campanha se dedica, em parte, a amenizar a idéia de que grapefruit e remédios não se misturam. No Departamento de Cítricas da Flórida, em Lakeland, a agência estadual que fez, há alguns anos, uma campanha para uma dieta com grapefruit, um "esquadrão da verdade" de agrônomos, marqueteiros e profissionais de relações públicas defende a toronja entre médicos, farmacêuticos e empresas de mídia afirmando que a fruta não representa qualquer risco para a saúde se misturada com a maioria dos medicamentos.
Persuadir as pessoas a gostarem da toronja é uma batalha inclemente. Algumas campanhas anteriores, como a que promoveu o suco de grapefruit como "bom para o coração", revelou-se em grande parte infrutífera. Tampouco as vendas cresceram quando Sarah Jessica Parker e suas colegas de "Sex and the City" começaram a tomar o Ruby - suco de grapefruit de cor rubi com vodka citrus - há duas temporadas. As vendas unitárias de suco da fruta declinaram 4,9% nas 52 semanas encerradas no dia 12 de junho, segundo a information Resources.