Os presidentes da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Jorge Maeda, da Associação Brasileira de Algodão (Abralg), Andrew Macdonald, e do IV Congresso Brasileiro de Algodão, Paulo Cezar da Cunha Peixoto, assinaram ontem, em Goiânia (GO), um manifesto em defesa da liberação do cultivo e da comercialização no País de grãos geneticamente modificados.
"Uma técnica que certamente impulsionará a agricultura, reforçando a posição do País como grande potência agrícola mundial, não pode continuar sendo uma ferramenta proibida para os agricultores brasileiros", afirmam produtores e industriais do setor têxtil.
Endereçado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, num momento em que o País assume uma posição de liderança entre os países em desenvolvimento nas negociações para liberação do comércio agrícola no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC), o manifesto pede uma definição rápida da política a ser adotada para os produtos transgênicos.
"No caso da cotonicultura", diz o texto, lido ontem pelo vice-presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão, João Carlos Jacobsen Rodrigues, "países como Estados Unidos, China, México, Austrália e África do Sul, tradicionais concorrentes do Brasil, ganham mercados e reduzem custos de produção com a utilização do algodão transgênico".
De acordo com o documento, pesquisas realizadas na China indicam a possibilidade de reduzir em até 60% os custos de produção do algodão com o uso de sementes geneticamente modificadas.
Depois de elogiar a atitude do País na reunião ministerial da OMC em Cancún, no México, o manifesto critica a demora na definição da política para transgênicos e lamenta a decisão da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF), que cassou a liminar que restabelecia a competência da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para deliberar sobre a questão.
"Neste ano", acrescenta o documento, "já importamos 90 mil toneladas de pluma proveniente dos Estados Unidos, onde 90% da produção é transgênica". Para a Abrapa e da Abralg, essa importação cria uma situação contraditória, pois a produção nacional acaba penalizada. "Os fornecedores compram algodão onde estiver mais barato", comentou o vice-presidente da Abrapa, Adilton Domingos Sachetti, produtor de algodão no Mato Grosso.