Preços médios da soja estabilizaram nesta semana
Nos últimos 12 meses a soja gaúcha perdeu 31% de seu valor
No Rio Grande do Sul, a semana fechou em R$ 123,86/saco, enquanto as principais praças locais negociaram o produto a R$ 121,50/saco. Nas demais regiões brasileiras, os preços da soja oscilaram entre R$ 105,00 e R$ 118,00/saco, havendo maior liquidez no mercado nestes últimos dias, pois vendedores internos elevaram o volume ofertado. Mas em algumas regiões do país, a soja, no disponível, já estaria abaixo dos R$ 100,00/saco. No ano passado, nesta mesma época, o preço médio da soja no Rio Grande do Sul foi de R$ 179,48/saco, enquanto nas demais praças nacionais o mesmo oscilou entre R$ 165,00 e R$ 180,00/saco. Ou seja, nos últimos 12 meses a soja gaúcha perdeu 31% de seu valor, enquanto nas demais praças brasileiras a perda girou em torno de 34%.
Dito isso, a exportação de soja do Brasil, em junho, foi estimada em 13,1 milhões de toneladas, contra 14,5 milhões em maio, mês que foi marcado pelos maiores embarques do ano da oleaginosa no país. Em maio, o total embarcado aumentou 4,2 milhões de toneladas em relação ao mesmo período de 2022. Os volumes são crescentes neste ano, diante da safra recorde que o país obteve na última colheita.
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Vale ainda destacar que o planejamento da nova safra 2023/24, por parte dos produtores brasileiros, será muito desafiador, diante do forte recuo nos preços internos. Mesmo com o importante recuo no preço dos fertilizantes e demais produtos químicos, este movimento pode ser insuficiente para estimular o produtor de soja a aumentar sua área ou até mesmo mantê-la. É a preocupação que surge no Mato Grosso, neste momento. Segundo o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), as primeiras projeções dão conta de um recuo de 5,7% no Custo Operacional Efetivo (COE) da safra 2023/24, em relação a anterior. "A maior queda veio do custeio, que caiu 12,91% ante a safra 2022/23, puxado pelo recuo nos fertilizantes e corretivos (- 21,28%) e semente (-20,51%). Esse cenário é reflexo da desvalorização nos preços dos insumos nos últimos meses, devido à menor demanda, cenário de oferta mais otimista no mercado externo e ao recuo mensal do dólar". Porém, no mesmo comentário, o Instituto indicou que a depreciação contínua das cotações da soja acaba estreitando o ponto de equilíbrio da atividade, levando-o a R$ 109,83/saco, ou seja, 8,5% a mais do que na safra passada.
O cenário é semelhante em outros Estados produtores e, por conta disso, algumas consultorias já acreditam que o Brasil poderia registrar uma diminuição de área nesta próxima temporada, pela primeira vez desde a safra 2000/01. Nos últimos 23 anos, a área brasileira cultivada com soja veio apresentando crescimento constante, com exceção da transição de 20004/05 para 2005/06 e 2005/06 para 2007, quando houve reduções de 2,4% e 9,1%, respectivamente. Assim, pela primeira vez em 17 anos, um novo decréscimo pode acontecer, depois de um aumento de 5,6% da safra 2021/22 para a de 2022/23. Como dito anteriormente, já há soja da safra atual e da 2024 sendo ofertada abaixo dos R$ 100,00/saco. Portanto, o produtor de soja brasileiro terá que fazer um excelente cálculo de custos de produção em relação aos preços a serem recebidos, para tentar obter uma margem aceitável na futura safra, pois a mesma se desenha muito delicada pelo lado econômico-financeiro.
É quase uma certeza que haverá recuo nas margens de ganho dos produtores, mas isso, por outro lado, pode não levar os mesmos a reduzirem suas áreas de plantio, mesmo porque a alternativa, que seria o milho, igualmente está com preços em forte queda no país. Muita coisa irá depender do comportamento da nova safra dos EUA, especialmente em termos de clima. Em havendo frustração naquele país, Chicago deve reagir e melhorar as condições de preços no Brasil. Em julho a consultoria Safras & Mercado trará suas primeiras projeções de área de plantio da safra 2023/24 do Brasil. Pelo sim ou pelo não, o fato é que o produtor brasileiro terá mais dificuldade, dentro do atual quadro, em escolher entre soja e milho neste próximo ano 2023/24.
Enfim, ainda no Mato Grosso, o Imea calcula uma safra de soja de 43,8 milhões de toneladas em 2023/24, com um recuo de 3,4% sobre a registrada na última colheita, já que a produtividade média deverá ser menor. Esta nova safra será plantada a partir de setembro próximo, projetando-se um aumento de 0,82% na área, o que levaria a mesma para 12,2 milhões de hectares.
A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA