Preço do trigo apresenta viés de queda
Seca reduz produção de trigo pela metade em Minas Gerais
De acordo com a análise semanal da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), os preços do trigo no Brasil se estabilizaram, porém com tendência de baixa à medida que a colheita avança no Paraná. No Rio Grande do Sul, as principais praças mantiveram o preço em R$ 68,00 por saco, enquanto a média estadual recuou para R$ 66,73. Já no Paraná, o trigo de qualidade superior continua a ser comercializado a R$ 77,00 por saco.
A colheita no Paraná atingiu 73% da área plantada nesta semana, apesar de 20% das lavouras restantes apresentarem condições ruins. No Rio Grande do Sul, a colheita ainda não começou, e as chuvas intensas e constantes desta semana nas principais regiões produtoras devem causar prejuízos, afetando a qualidade do grão.
Segundo a análise, no que diz respeito à demanda, os moinhos gaúchos continuam dependentes das importações de trigo, principalmente da Argentina e do Uruguai. Em setembro, o Rio Grande do Sul importou 48.820 toneladas do cereal, enquanto o Brasil como um todo adquiriu 592.130 toneladas, o maior volume para o mês desde 2016. Entre janeiro e setembro deste ano, o país já importou 5,15 milhões de toneladas, um aumento de 23% em relação a todo o ano de 2023, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Analistas do setor já previam que a safra nacional de trigo ficaria abaixo dos 8 milhões de toneladas neste ano. Agora, com os primeiros resultados da colheita, as estimativas apontam para uma produção entre 7,4 e 7,8 milhões de toneladas. Isso deverá aumentar as importações do cereal em cerca de 16% na safra 2024/25 em comparação ao ano anterior. Porém, considerando o ritmo atual, o crescimento nas importações pode chegar a 25%. Isso ocorre mesmo com a redução da moagem de trigo no Brasil, que caiu para 11,6 milhões de toneladas neste novo ciclo.
Em Minas Gerais, a Associação dos Triticultores prevê uma queda de 50% na produção local, estimando uma colheita de 250 mil toneladas, resultado impactado pela seca prolongada. Por outro lado, Goiás deve registrar um aumento expressivo na produção, superando pela primeira vez as 300 mil toneladas, principalmente graças às áreas irrigadas. No Distrito Federal e na Bahia, as colheitas estão estimadas em 12 mil e 60 mil toneladas, respectivamente. Já São Paulo deverá produzir 360 mil toneladas, um volume considerado positivo para o estado.