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Pratini defende a adoção de acordos bilaterais


O ex-ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, disse em Porto Alegre não acreditar em avanços significativos nas negociações multilaterais marcadas pela Organização Mundial de Comércio (OMC) para os dias 10 e 14 de setembro, em Cancún, no México. Caso as suas previsões se confirmem, Pratini entende que o Brasil deve partir em busca de entendimentos bilaterais. "Vivemos hoje uma situação de recessão no mundial, até com uma redução de volume do comércio internacional ano passado.

Num ambiente recessivo, as nações mais ricas vão tomar posições defensivas, sem abertura comercial. Se em Cancún eles não negociarem o acesso a mercados e subsídios às exportações, que derrubam os preços internacionais e prejudicam os países pobres, não se deve negociar nada. Eu (enquanto ministro) consegui mais em negociações bilaterais do que multilaterais", disse Pratini, citando o episódio da abertura do mercado russo à carne suína brasileira, em 2000. "Fomos lá e negociamos um acordo comercial que rendeu US$ 400 milhões em exportações em um ano. Quando conseguimos isso em negociações multilaterais?", questionou o ex-ministro, hoje integrante do conselho superior do ABN-Amro no Brasil e presidente do Conselho Administrativo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e da Pedras Altas Consultoria.

Pratini, palestrante na tradicional reunião-almoço da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), avalia que o Brasil será a maior nação agrícola do planeta até o final da década. Para isso, entretanto, o afirma que País precisa investir em tecnologia, criar e manter financiamentos compatíveis com a atividade e, principalmente, ter uma postura agressiva na conquista de mercados. O ex-ministro, porém, acredita que o Brasil não pode fixar-se apenas nos mercados tradicionais, como EUA e Japão, mas buscar exportar para países em crescimento. "Precisamos olhar mais para países onde a renda da população está crescendo, como a China, a Rússia, o Leste Europeu, África do Sul, Oriente Médio e América Latina. Quando o sujeito bota mais dinheiro no bolso, a primeira coisa que ele faz é comprar carne. No dia seguinte compra frutas e depois leva um iogurte para casa para dar ao filho", ilustra.

Para Pratini, é nestes novos mercados que o País conseguirá exportar grandes volumes. Cita o caso da carne bovina, item que o Brasil acabou de alcançar a condição de maior exportador mundial, ultrapassando a Austrália no acumulado dos últimos 12 meses (de agosto de 2002 a julho de 2003). "Abrimos mercados em países como Rússia, China, Egito e Filipinas", exemplifica. Em destinos como os EUA, diz, o ideal seria buscar novos nichos.

Como presidente do Conselho Administrativo da Abiec, Pratini assumiu agora a missão de buscar uma posição ainda melhor para a carne nacional. "Estive há pouco tempo na Europa e, dos 62 supermercados que visitei, vi carne brasileira em 45. Quando voltar, quero encontrar em todos", diz. Outra meta revelada por Pratini é ampliar o número de churrascarias e rodízios no exterior, seja de grupos genuinamente nacionais ou associados com empresas locais. "Hoje existem mais de 100 no mundo inteiro e pretendemos chegar a mais de mil", promete o ex-ministro, preferindo não fixar uma data para alcançar o objetivo.

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