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Plantação de soja é prejudicada pela terra ressecada

Aumento das ondas de calor preocupa produtores


Foto: Pixabay

Nos últimos 30 anos, a média de dias com ondas de calor no território brasileiro cresceu de 7 para 53, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esta informação foi solicitada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para embasar o plano federal de adaptação do Brasil às mudanças climáticas. Uma situação tem gerado preocupação entre os produtores rurais, devido ao ressecamento do solo e ao calor intenso que prejudicam o plantio de soja.

De acordo com o Boletim Semanal divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o cenário para a safra de 2023/24 é delicado. A onda de calor, aliada à escassez de chuvas, comprometeu o desenvolvimento das atividades recém-semeadas, gerando incertezas sobre os rendimentos esperados ao final da temporada. Em novembro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos estimou a próxima safra de grãos do Brasil em 129 milhões de toneladas, abaixo dos 137 milhões de toneladas da temporada anterior.

Veja também: Clima impacta produtividade da safra de soja

Fernando Silva, CEO da PWTech, startup reconhecida pela ONU como uma solução humanitária no acesso à água potável, explica que a água é um dos principais fatores para a produção de alimentos. “Se olharmos para a soja, um dos grãos mais produzidos do Brasil, estamos falando de uma semente que necessita absorver, no mínimo, 50% de seu peso em água para uma boa germinação. E não para aí, sua necessidade só aumenta no decorrer do seu desenvolvimento. A água é um recurso de extrema importância para o setor”, diz.

Em estados como Mato Grosso, a falta de chuvas está prejudicando o crescimento das plantações, especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Médio Norte. Já em Goiás, a irregularidade das chuvas tem impactado no ritmo de plantio, resultando em replantios que atrasam o processo de colheita.

Apesar dos atrasos, parte das tarefas avançam para o estágio de Enchimento de Grãos, que demanda menos água. Um monitoramento realizado em 12 estados brasileiros apontou um aumento geral de 7,8% entre 12 e 18 de novembro nesse estágio, alcançando 65,4%, porém, ainda abaixo dos 75,9% da safra anterior. Esse atraso é observado em quase todos os estados de produção de soja no Brasil, com exceção de Santa Catarina e São Paulo.

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a escassez de recursos hídricos está levando os principais sistemas agroalimentares do mundo ao ponto de ruptura, o que demonstra a gravidade da situação global em relação à disponibilidade de água para a produção agrícola.

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