Plano emergencial busca conter o avanço da podridão-da-uva-madura
Iniciativa conjunta busca soluções para doença que ameaça vinhedos paulistas
Segundo o informado pela Embrapa, para enfrentar o avanço da podridão-da-uva-madura, uma doença que vem causando perdas de até 100% nos parreirais, uma frente de ação foi criada envolvendo pesquisadores, agricultores, agrônomos, assistentes rurais, técnicos de extensão rural e colaboradores da Embrapa, do Governo do Estado, secretarias municipais e organizações representativas dos produtores.
Foi desenvolvido um plano emergencial para controlar a doença, que consiste em disponibilizar um conjunto de medidas testadas e validadas para o controle racional da podridão-da-uva-madura que afeta as videiras paulistas. A primeira etapa do plano ocorrerá de 1º a 4 de julho, com visitas a propriedades nos municípios afetados para coleta de amostras de uvas apodrecidas, restos culturais e ramos, visando o diagnóstico do agente causador da doença.
O grupo de ação passará pelos municípios de Jundiaí, Louveira, Jarinu, Itatiba, Itupeva, Indaiatuba e Elias Fausto. Durante essas visitas, áreas serão selecionadas para a condução de experimentos que avaliarão diferentes estratégias de controle da doença.
Em laboratório, será analisada a resistência do patógeno aos principais grupos de princípios ativos de fungicidas disponíveis e registrados para a videira. Além dos experimentos em campo, estão previstos dias de campo e palestras durante a safra 2024/2025 para compartilhar as informações geradas, culminando em uma publicação com recomendações técnicas para o manejo e controle da doença nos vinhedos do Estado de São Paulo.
Produtores de uva de mesa e para processamento dos vinhedos localizados nos municípios do Circuito das Frutas Paulista relatam que há dois anos (ou quatro safras) sofrem perdas de até 100% na colheita devido à doença. Por meio da Câmara Setorial de Uva e Vinho do Estado de São Paulo, eles clamaram por ações para salvar suas colheitas.
Com representação na Câmara, a Embrapa Territorial, localizada em Campinas (SP), articulou a participação de pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho, situada em Bento Gonçalves (RS), e de órgãos estaduais nesta ação em apoio aos produtores paulistas. Os dois centros da Embrapa trabalharão juntos: a Embrapa Territorial será responsável pelo planejamento e coleta de informações das propriedades rurais, enquanto a Embrapa Uva e Vinho conduzirá as atividades nos vinhedos e laboratórios, contando com o apoio dos cientistas e laboratórios da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e dos técnicos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati).
Causada pelo fungo Glomerella cingulata, a podridão-da-uva-madura provoca manchas circulares marrom-avermelhadas nos frutos, que eventualmente se espalham para todo o cacho, deixando as uvas escuras e murchas. Temperaturas entre 25°C e 30°C e alta umidade proveniente de chuva, orvalho, irrigação ou cerração são condições ideais para o desenvolvimento da doença.