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Planalto Central quer produzir vinhos

Região busca o desafio de produzir finos finos, com condições únicas e manejo diferenciado



Foto: Arquivo Agrolink

O Planalto Central cresce em produção de grãos, tendo as maiores produtividades em soja, milho, trigo e feijão do país. A região foi descobrindo café, hortaliças, pecuária, suinocultura e vem despontando a fruticultura. “Com clima bem definido, 6 meses de chuva e 6 de sol, altitude média de mil metros, grande concentração de área irrigada torna a região uma das maiores em diversidade de culturas. Por isso os produtores viram outras oportunidades de culturas, além dos grãos”, destaca o presidente da AgroBrasília, Ronaldo Triacca.

Triacca também é vitivinicultor. A área de uva já ocupa cerca de 100 hectares mas a produção de uvas viníferas é mais recente, com 40 hectares implantados entre Goiás e o Distrito Federal, com potencial de crescer 50% só neste ano. O tema “Planalto Central: Novo polo da vitivinicultura brasileira” foi debatido durante live promovida pela AgroBrasília Digital, nesta quinta-feira (9).

Condições únicas

O Planalto Central desponta com algumas vinícolas. O Cerrado traz clima seco e amplitude térmica perfeitos para produzir uvas que amadurecem até o ponto ideal para a produção de vinhos; solo profundo e drenado que na região se destaca por ser rico em ferro e, finalmente, manejo e mão-de-obra tecnificadas, que conferem terroir único. “A bebida no Planalto Central já tem agradado paladares e mostrando potencial”, explica o vitivinicultor e sommelier, Rodrigo Sucena.

A Embrapa Uva e Vinho (RS) está testando cultivares na região e espera bons resultados. Um dos problemas enfrentados na região do Cerrado, a exemplo do Rio Grande do Sul, é o problema da deriva de herbicidas hormonais de grandes culturas de grãos. “Isso é complexo, está na pauta e precisa ser resolvido”, aponta o chefe da unidade, pesquisador José Fernando Protas. 

Quanto à produção de vinhos, Protas destaca que para desenvolver a atividade é necessário uma união política entre todas as regiões produtoras do país para aumentar a competitividade do setor. O segundo desafio passa pela logística e, por incrível que pareça, pela falta de garrafas para o envasamento. “Temos áreas de vinho no Sul, no Nordeste, no Sudeste e agora no Planalto Central. A região tem um grande potencial para produção de uvas e vinhos. Qual é o melhor? Todos. Cada um tem características únicas de suas regiões e climas. Temos é que encontrar mecanismos que nos permitam mostrar a qualidade do vinho brasileiro”, defende.

Dupla poda

A pesquisadora e enóloga Isabela Peregrino, da Empresa Mineira de Pesquisa Agropecuária (Epamig), destaca que a região está mudando a forma de produzir vinho no país, com tecnologia e bebidas de qualidade. A pesquisa da Epamig sugere a dupla poda para que a colheita da uva seja no período seco, com dias ensolarados e noites frias, o que corresponde ao inverno na região. É feita uma poda no inverno, deixando somente ramos e o que vem de cacho é retirado. Outra poda é feita no verão para que se colha no período seguinte.

“Aqui jogamos a maturação para o inverno para concentrar os açúcares e ácidos. Conseguimos isso com dupla poda, fugindo da zona de chuvas do verão, que prejudica o desenvolvimento da fruta e gera doenças fúngicas. Isso é importante para a estrutura do vinho”, explica. 

Nova vinícola

Dez produtores criaram um grupo que vai trabalhar em conjunto para implantar uma vinícola no PADF, há cerca de 1 hora da capital federal, com o nome Vinícola Brasília. O espaço deve surgir no segundo semestre de 2020 e tem expectativa de inaugurar na AgroBrasília 2021. Cada produtor terá seu rótulo e também haverá um rótulo com a marca da vinícola. “Queremos diluir os custos da vinificação que são os mais altos da atividade e acreditamos que isso também muda a cara do turismo da região, com a entrada do enoturismo”, explica Triacca.

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