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PIB agrícola deverá alcançar R$ 446 bilhões


O baixo preço do milho poderá provocar um prejuízo de R$ 183 milhões aos produtores este ano, segundo estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O desempenho negativo do grão, no entanto, não afetará a renda do setor. A previsão é que em 2003, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio some R$ 446,7 bilhões. O bom resultado deve-se às crescentes exportações e à recuperação de preços das principais commodities.

De acordo com o levantamento, em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), a agricultura é que tem impulsionado o PIB do agronegócio. A renda da lavoura, no acumulado do ano, é 12,22% maior, atingindo R$ 81,6 bilhões. Parte deste incremento é resultado das boas vendas de soja.

O valor bruto da produção (VPB) deste grão obteve aumento de 54,8% sobre o ano passado, somando R$ 32 bilhões, fruto de uma safra recorde de 51,2 milhões de toneladas e da recuperação de 26,8% dos preços médios. A soja será responsável também por 50% do aumento do saldo da balança comercial do agronegócio.

A estimativa da CNA é que este ano a diferença entre exportações e importações seja de US$ 24 bilhões frente aos US$ 20,3 bilhões de 2002. Apenas em soja, o País deverá comercializar com o exterior US$ 8 bilhões, tornando-se o maior vendedor mundial do grão, a frente dos Estados Unidos – US$ 7,2 bilhões. Somente nos primeiros sete meses do ano, as exportações de soja foram de US$ 4,4 bilhões – aumento de 76% sobre o mesmo período do ano passado.

Safra recorde

Outro produto cujo faturamento global será maior é o milho. No entanto, segundo Getúlio Pernambuco, chefe do Departamento Econômico da CNA, o aumento da renda é fruto de uma safra recorde, cujo principal efeito foi a depressão dos preços do produto. A estimativa da CNA é que no Centro-Oeste os produtores tenham um prejuízo mínimo de R$ 1 por saca comercializada, uma vez que o custo de produção na região ficou em torno de R$ 13 a saca.

"É possível, no entanto, haver reversão nos próximos dois meses, se forem tomadas medidas pelo governo", conclui Pernambuco. Para ele, é preciso uma conjugação de instrumentos, como a prorrogação dos custeios que vencem a partir de setembro pelo prazo de 60 dias para que os produtores não precisem comercializar o grão para pagar dívidas, o lançamento de contratos de opção, a compra direta do governo de 2 milhões de toneladas do Centro-Oeste e Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) para o Nordeste.

"Não é justo já que os produtores que tomaram a decisão de aumentar a safra agora serem prejudicados", avalia Pernambuco. Ele ressalta que o aumento da produção foi resultado da política do governo que incentivou o plantio do grão, em fevereiro deste ano. Pernambuco acrescenta que isso poderá acarretar em uma safra menor no ano que vem. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) está prevendo uma queda de 16% na safra brasileira em 2004, com produção de 37,5 milhões de toneladas de milho.

De acordo com o levantamento, a renda dos produtores caiu principalmente nas culturas de café e laranja. Os cafeicultores continuam com dificuldades na comercialização por causa dos baixos preços do grão, que não cobrem os custos de produção. A redução do VPB foi de 23,7%, somando R$ 5,3 bilhões. Segundo Pernambuco, as políticas adotadas pelo governo foram excessivamente tímidas e não conseguiram reverter o quadro de queda dos preços. Com isso, a estimativa é que todas as opções contratadas – cerca de 2,2 milhões de sacas – sejam exercidas.

O levantamento da CNA apontou ainda uma alta de 1,67% para o PIB da pecuária, projetado em R$ 53,9 bilhões. O setor também tem registrado bom desempenho nas exportações. De janeiro a julho, o segmento carnes comercializou com o exterior US$ 2,78 bilhões, alta de 27,8% sobre o mesmo período do ano passado. A estimativa é que neste ano, o Brasil ultrapasse a Austrália no volume de vendas de carne bovina, devendo atingir 1,5 milhão de toneladas.

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