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Peste Suína Africana ameaça, mas Brasil se destaca em prevenção

Histórico de erradicação no Brasil e ameaça dos javalis



Foto: Pixabay

A Peste Suína Africana (PSA) tem causado grandes prejuízos à suinocultura mundial, especialmente na Europa. Na Itália, por exemplo, a produção de presuntos como o famoso Prosciutto di Parma tem sido fortemente impactada pela doença. Com o avanço da PSA, países como a Alemanha estão implementando medidas extremas para conter o surto, incluindo a construção de cercas de 48 km para impedir a entrada de javalis nas propriedades.

O Brasil, que se destaca como o quarto maior produtor e exportador de carne suína no mundo, com um rebanho recorde de 44,4 milhões de animais, precisa estar atento a essa ameaça. Com uma produção concentrada na região Sul, onde existem 23 milhões de cabeças, as preocupações se voltam principalmente para a entrada da PSA no país, que poderia comprometer o mercado nacional e internacional. Para entender os riscos e as medidas adotadas pelo setor, o Portal Agrolink conversou com Flauri Migliavaca, médico veterinário e diretor técnico da Mig Plus Agroindustrial, além de diretor técnico da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul.

Histórico de erradicação no Brasil e ameaça dos javalis

Segundo Migliavaca, a Peste Suína Africana não é uma doença desconhecida no Brasil. "Nos anos 70, a PSA já esteve presente aqui, mas foi completamente erradicada. Hoje, o que nos preocupa são os javalis, que estão espalhados por todo o território nacional", afirma o especialista. Ele destaca que, apesar de a doença ainda não ter chegado ao Brasil, a vigilância é constante. "O Brasil possui um dos maiores patrimônios de saúde animal do mundo. Não temos PSA, nem febre aftosa, nem outras doenças que assolam o mundo, como a gripe aviária."

Migliavaca também ressalta o papel crucial dos produtores brasileiros na manutenção dessa sanidade. "As granjas no Brasil são cercadas, os suínos são criados em galpões completamente fechados e há rigorosos protocolos de biossegurança. Todo aquele que entra em uma propriedade precisa passar por um processo de desinfecção, trocar de roupa, tomar banho, e usar equipamentos de proteção da própria granja."

Controle de javalis como prevenção

A presença de javalis, animais selvagens que podem ser vetores da Peste Suína Africana, é um dos maiores desafios atuais. Migliavaca explica que o controle desses animais é feito de forma rigorosa. "No Brasil, há controladores autorizados a abater javalis. Esses animais abatidos têm seu sangue coletado para exames, e, até o momento, nenhum caso de PSA foi detectado", revela.

Para ele, o monitoramento e abate controlado dos javalis são essenciais para evitar que a doença se espalhe. "Estamos atentos, mas é importante que o alerta continue. O mundo todo está enfrentando essa doença, e o Brasil não pode relaxar."

Oportunidades no mercado internacional

A Peste Suína Africana não apenas ameaça a saúde animal, mas também gera reflexos no mercado internacional. Com a proibição da importação de carne suína italiana por diversos países, Migliavaca vê uma oportunidade para o Brasil. "Na Itália, os suínos são abatidos com um peso maior, cerca de 160 kg, enquanto no Brasil o abate ocorre com animais de 130 a 140 kg. Com a escassez de carne suína na Europa, pode ser que haja uma demanda maior por carne brasileira", analisa.

Ele acrescenta que, embora o Brasil produza carne suína de animais com peso inferior ao dos europeus, o país pode se adaptar rapidamente às exigências do mercado internacional. "Em uma situação de emergência, o Brasil pode aumentar o peso dos suínos abatidos para suprir essa demanda", completa.

Fortalecimento das medidas de biossegurança

Migliavaca também destaca que, embora o Brasil já adote práticas rigorosas de biossegurança, sempre há espaço para melhorias. "O Brasil tem protocolos sanitários muito avançados, mas a nutrição dos animais também é fundamental. Uma boa alimentação ajuda a fortalecer o sistema imunológico dos suínos, o que pode ser decisivo para evitar que a doença se instale", pontua.

Além disso, ele reforça que as granjas precisam continuar isoladas e protegidas. "Não podemos permitir a entrada de qualquer animal nas propriedades, seja gato, cachorro ou até roedores. As cercas e barreiras físicas são essenciais, assim como as medidas de desinfecção. E, claro, os produtores precisam estar sempre atentos a qualquer sinal de perigo."

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