Perspectivas de safra e preços de soja na América do Sul
Desafios tiveram um impacto substancial nos preços internacionais da soja até março de 2023
A safra 22/23 na Argentina enfrentou sérias adversidades, resultando em perdas significativas de produtividade e área plantada. Os desafios tiveram um impacto substancial nos preços internacionais da soja até março de 2023. Agora, as atenções se voltam para a safra 23/24, com discussões sobre uma possível recuperação de preços, especialmente em meio aos recentes problemas climáticos nos Estados Unidos. No entanto, um exame mais detalhado da oferta global no Mercosul sugere que as expectativas de uma retomada podem não se concretizar.
De acordo com os dados do relatório de estimativa da Céleres, a produção de soja no Mercosul desempenha um papel crucial na determinação dos preços internacionais. Na safra 00/01, os países do bloco contribuíam com cerca de 40% da produção global de soja. Esse número cresceu para 53% na safra 22/23, com a expectativa de atingir 58% na safra 23/24. Atualmente, o Mercosul responde por aproximadamente 63,1% das exportações mundiais de soja, injetando liquidez e volume significativos no mercado global.
O Brasil lidera o crescimento médio de produção anual nos últimos 23 anos, com um aumento de cerca de 6,3% ao ano. A conjuntura de preços e margens no país aponta para um crescimento de 1,2 milhões de hectares plantados na safra 23/24, resultando em uma oferta potencialmente 8 milhões de toneladas maior no próximo ano.
Na Argentina, o crescimento da área plantada é mais moderado, mas a recuperação da produtividade pode adicionar até 50 milhões de toneladas em relação à safra anterior, representando um aumento significativo de 26 milhões de toneladas. A região do Mercosul poderá contribuir com um aumento de oferta global de aproximadamente 30 milhões de toneladas no próximo ciclo, o que pode exercer pressão baixista sobre os preços em dólar.
É importante notar que o cenário de El Niño pode beneficiar o regime de chuvas na porção Sul da América do Sul, incluindo Argentina, Paraguai, Uruguai e a região Sul do Brasil. ainda segundo dados do relatório, isso pode resultar em expectativas otimistas de produtividade nessas áreas. A definição dos níveis de preços no início de 2024 dependerá em grande parte do desenvolvimento da safra na América do Sul. O mercado global observará a região como um todo. Mesmo se houver uma quebra produtiva no Brasil, os preços de referência na bolsa podem não reagir de forma intensa, com os prêmios e variações cambiais desempenhando um papel crucial no mercado interno no início de 2024.