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Peixe-sapo ajuda superávit da balança da pesca



O peixe-sapo é praticamente desconhecido e quase nunca consumido no Brasil. Na Espanha, no entanto, comer peixe-sapo é normal. Um rape (nome do prato) custa cerca de 7 euros em restaurantes das ruas de Madrid. O peixe-sapo brasileiro, do qual foram pescados 8,6 mil toneladas no ano passado, é a espécie lophyus gastrophysus. A França e o Reino Unido, onde se pesca 50 mil toneladas por ano, têm as espécie Lophius piscatorius e Lophius budegassa. O interesse estrangeiro por esse peixe, que vive em profundidades entre 100 e 500 metros, contribuiu para o superávit de US$ 50,9 milhões na balança comercial de pescado no primeiro semestre. Vendido em dólar, é considerado valioso para a indústria de pesca local. De acordo com dados anunciados na sexta-feira pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento, o setor importou US$ 100,8 milhões e exportou US$ 151,7 milhões entre os meses de janeiro e junho. O superávit deste ano, de acordo com o ministério, deve-se ao aumento da captura de novas espécies como atuns, camarões e caranguejos de profundidade e o próprio peixe-sapo. No ano passado, as exportações dessa espécie geraram divisas de US$ 21 milhões. O preço médio do quilo de peixe congelado, no mercado internacional, era de US$ 2,50. Praticamente a pesca foi feita por barcos estrangeiros, dedicados especificamente a capturar o peixe-sapo. Esses barcos, arrendados por armadores brasileiros, são responsáveis pela exploração do peixe-sapo no Brasil. A pesca começou a ser feita de forma recorrente a partir de 2001, graças ao interesse dos importadores. Como a frota nacional não estava preparada para capturar essa espécie, nem para atuar nas profundidades acima de 400 metros, onde estão os maiores exemplares, o governo decidiu adotar a política de arrendamento para desenvolver esse segmento. Em 2001, foram arrendados nove barcos. A proposta para o próximo ano é de que sejam cerca de 15 barcos. Ao mesmo tempo em que emitiu licenças para os barcos estrangeiros, o Ministério da Agricultura realizou um convênio com o Centro de Ciências e Tecnologia da Terra e do Mar (CTTMar) da Univali, universidade de Itajaí (SC), para pesquisar o estoque de peixe-sapo nas águas brasileiras e propor formas de exploração sustentável do recurso. O resultado dessa pesquisa foi um estudo onde são feitas recomendações para o manejo sustentável da pescaria. Uma delas foi a limitação da captura, este ano, em 2,5 mil toneladas. Também foi recomendada a pescaria a partir de 250 metros de profundidade, para diminuir a captura de indivíduos juvenis (que não chegaram à idade de reprodução), mais abundantes nas menores profundidades. Baseado nessas recomendações, o Comitê Permanente de Gestão (CPG) de Recursos Demersais de Profundidade estabeleceu, em sua primeira sessão, uma moratória da pesca este ano, entre outubro e dezembro - mesmo porque a quantidade capturada este ano, de aproximadamente 4,5 mil toneladas, já superou a recomendação do CTTMar. Em janeiro último, o CPG, criado para coordenar a exploração dessas espécies, que vivem literalmente no fundo do mar, deverá aprovar uma nova Instrução Normativa a exploração do peixe sapo em 2003.

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