Parceria dá destino sustentável a resíduos de cozinhas industriais

A sinergia entre três empresas de segmentos distintos impulsiona a promoção de ganhos ambientais e socioeconômicos por meio de um ciclo sustentável de compensação ambiental e economia circular. O projeto ataca um dos problemas mais prementes nas chamadas “cozinhas industriais”: os resíduos orgânicos. 

Neste processo, a rede de restaurantes corporativos Viva Food encaminha resíduos para a Tera Ambiental, que os transforma em adubos orgânicos para a agricultura por meio da compostagem em grande escala. Esses insumos são utilizados nos plantios de hortaliças da ItaHorta, que abastecem os restaurantes da Viva Food. Dessa forma, as empresas completam o ciclo destinando corretamente os resíduos. O resultado é uma série de benefícios socioeconômicos, como a geração de empregos, renda e, sobretudo, a proteção do meio ambiente.

O ponto de partida desse ciclo ocorre com a Viva Food, que em apenas três unidades produz impressionantes 20 mil refeições diárias, o que se traduz em um volume significativo de 10 toneladas de alimentos. Os efluentes gerados pelas atividades dos restaurantes, como as caixas de gordura resultantes da cocção dos alimentos, são tratados e destinados de maneira adequada, conforme exigido pela legislação. No entanto, um aspecto considerável dessa parceria é que os resíduos não se limitam apenas à conformidade legal; eles são direcionados para um processo de reciclagem.

Em 2022, a Tera Ambiental alcançou um notável sucesso ao tratar com êxito uma quantidade substancial de efluentes, totalizando 149 metros cúbicos, provenientes da empresa Viva Food. Após um meticuloso processo de tratamento e transformação, esse volume se converteu em um impressionante total de 12 toneladas de lodo. 

Esse lodo, após ser compostado junto com outros resíduos, se transformou em um recurso altamente valioso, resultando em um incrível total de quatro toneladas de fertilizantes orgânicos compostos. Estes produtos são comercializados pela Tera e utilizados para fertilizar os solos em diversas propriedades rurais localizadas nos estados brasileiros de São Paulo e Sul de Minas Gerais. Um exemplo notável é a fazenda ItaHorta, que produz hortaliças destinadas aos restaurantes industriais – entre eles a Viva Food. 

Como funciona a economia circular?

Reciclar materiais como o lodo gerado no tratamento de efluentes orgânicos é crucial para o meio ambiente e a economia circular. Especialistas enfatizam a importância de empresas e iniciativas públicas se engajarem na promoção da sustentabilidade por meio do reaproveitamento de resíduos, pois o Brasil gera quantidades significativas de resíduos orgânicos, tanto líquidos quanto sólidos, com grande potencial de reaproveitamento. No entanto, atualmente, a reciclagem desses materiais ainda é pouco utilizada no país.

A economia circular é um conceito que conecta o crescimento econômico à melhoria na utilização de recursos naturais, através da implementação de novos paradigmas de negócios e da otimização dos processos de produção, minimizando a necessidade de recursos naturais não renováveis. Essa abordagem prioriza insumos de maior durabilidade, reciclabilidade e fontes renováveis, promovendo uma gestão mais sustentável dos recursos.

Ela busca ir além da gestão de resíduos e reciclagem, envolvendo a reconfiguração de processos, produtos e modelos de negócios para otimizar o uso de recursos. Seu objetivo é promover a circulação eficiente de produtos, componentes e materiais em ciclos técnicos e/ou biológicos, resultando em produtos e serviços economicamente viáveis e ecologicamente eficientes.

“É importante que as empresas e iniciativas públicas estejam engajadas em promover a sustentabilidade por meio do reaproveitamento dos seus resíduos. O lodo, gerado no tratamento dos efluentes orgânicos, tem enorme potencial de reciclagem. Não podemos desperdiçar essa rica matéria-prima, destinando-a aos aterros sanitários, onde não será reaproveitada. A reciclagem desses materiais é essencial para o meio ambiente e economia circular e precisa ser colocada em prática, para que ciclos sustentáveis sejam cada vez mais frequentes”, comenta Lívia Baldo, especialista em gestão de resíduos e gerente da Tera Ambiental.

O CEO da Viva Food, Guilherme Truffi, destaca o compromisso da empresa com práticas ESG (Ambientais, Sociais e de Governança Corporativa), ressaltando que a parceria com a Tera Ambiental se alinha a esse compromisso. Ele enfatiza a responsabilidade ambiental e legal da empresa.  “Temos total responsabilidade com o meio ambiente, além de ser uma questão legal. Mesmo quando não tínhamos essa volumetria, a Tera Ambiental nos explicou os processos, cuidados e nos ajudou a montar o melhor fluxo de tratamento dos resíduos, nos apoiando desde o início. É uma prática que, além de sustentável, é totalmente viável quanto a custos e processos”, indica.

A Viva Food desempenhou um papel fundamental na realização deste ciclo sustentável. A parceria entre as empresas, focada na melhoria ambiental e na redução de custos operacionais, fortaleceu-se ao longo do projeto circular. Para Fernando Henrique Brocenschi, da ItaHorta, essa iniciativa é importante não apenas por fornecer um destino sustentável para os resíduos, mas também por mostrar o compromisso ambiental das empresas, contribuindo para um planeta melhor para as futuras gerações. “Deixamos de agredir o meio ambiente, diminuindo a adubação química das plantações e, o mais importante, dando destino correto aos resíduos. Sem dúvida, o consumidor valoriza nosso produto, tendo em vista nossa preocupação com a qualidade da vida”, diz ele.